O presidente da câmara do Montijo defendeu hoje que o novo aeroporto naquele concelho continua a ser possível, apesar do indeferimento da avaliação prévia da viabilidade da construção, mas para o município do Seixal o “processo está morto”.
A entidade reguladora, Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), anunciou hoje que não vai fazer apreciação prévia de viabilidade para efeitos de construção do Aeroporto Complementar no Montijo, solicitada pela Aeroportos e Navegação Aérea (ANA), uma vez que não existe parecer favorável de todos os concelhos afetados (Alcochete, Barreiro, Moita, Montijo e Seixal).
Em comunicado, a ANAC justifica o indeferimento por não haver parecer favorável de todas as câmaras municipais dos concelhos potencialmente afetados, salientando que está obrigada a indeferir liminarmente o pedido, em cumprimento do princípio da legalidade.
Contudo, em declarações à Lusa, o presidente da câmara do Montijo, Nuno Canta (PS), disse estar confiante de que, apesar desta contrariedade, o futuro aeroporto do Montijo vai mesmo avançar.
“Foi-nos transmitido que continua a existir um grande empenho do Governo e da ANA na construção do futuro aeroporto complementar de Lisboa no Montijo”, disse o autarca.
Para Nuno Canta, o “acordo assinado pelo Governo e pela ANA para um aeroporto dual na região (Lisboa + Montijo), o acordo financeiro para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa e a aprovação do Estudo de Impacte Ambiental pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA)” são “três avanços” importantes no processo de construção do futuro aeroporto do Montijo.
Confrontado com a decisão da ANAC, Nuno Canta adiantou que uma possibilidade de ultrapassar o problema e viabilizar o futuro aeroporto do Montijo é haver uma mudança de posição da CDU (as duas autarquias que deram parecer desfavorável, Moita e Seixal, são de maioria CDU).
O autarca do Montijo considerou também possível viabilizar o futuro aeroporto do Montijo através de uma mudança das maiorias desses dois municípios nas próximas eleições autárquicas, que se deverão realizar entre setembro e outubro.
Uma terceira possibilidade, acrescentou, passa por “uma adequação da lei aos interesses nacionais”.
Ao contrário do que defende o edil do Montijo, o presidente da câmara do Seixal, Joaquim Santos (CDU), considerou que o Governo deve abandonar a construção do novo aeroporto do Montijo face ao indeferimento, pelo regulador, do pedido de apreciação prévia de viabilidade da construção daquela infraestrutura aeroportuária.
“O Governo, depois desta decisão do regulador, Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), deve abandonar a construção do futuro aeroporto no Montijo e retomar a solução `Portela + Campo de tiro de Alcochete´, que tem menos impactos ambientais, não tem impacto sobre as populações, é mais barata e permite uma construção faseada”, disse Joaquim Santos.
A construção faseada do novo aeroporto complementar de Lisboa no campo de tiro de Alcochete, salientou “permite a construção de um aeroporto internacional com quatro pistas, caso o aeroporto da Portela, em Lisboa, seja, entretanto, desativado”.
Além disso, a escolha do Montijo não permite evoluir para um grande aeroporto internacional, acrescentou.
Quanto à possibilidade de haver “uma adequação da lei aos interesses nacionais” que desobrigue o parecer favorável de todos os municípios afetados pelo futuro aeroporto, Joaquim Santos disse não quer acreditar nessa possibilidade.
“São situações que acontecem noutros países. Quero acreditar que em Portugal tal não irá acontecer e que, com esta decisão da ANAC, o processo da construção do novo aeroporto do Montijo está morto”, concluiu o autarca do Seixal.