Um novo guia, que apresenta quatro percursos pedestres, com mais de 40 quilómetros de trilhos em pleno Parque Natural da Arrábida, foi apresentado na tarde de ontem pela câmara de Setúbal.
“Hoje fazemos história! Poderá parecer exagero afirmar que se faz história a propósito de tudo e de nada, mas neste caso é da história da Arrábida e do seu usufruto ambientalmente responsável de que falo”, assinalou a presidente do município, Maria das Dores Meira, na cerimónia de apresentação da publicação, ontem à tarde, no Parque Urbano de Albarquel.
Das Encostas de S. Filipe e Alto do Formosinho às Aldeias de Azeitão, o projeto Percursos Pedestres da Arrábida – Arrábida Walking Trails, integra quatro tilhos de pequena rota, com uma extensão total de cerca de 44 quilómetros que percorrem, na maioria, caminhos rurais, ligando pontos de interesse naturais ou históricos, como as aldeias, os caminhos tradicionais, as praias e os pontos mais altos da serra. “Ao criar uma rede de percursos pedestres, estamos a mostrar as nossas origens de forma ordenada e regrada, sem comprometer a degradação dos habitats e o património natural e cultural que nos caracteriza”, acrescentou a autarca.
O guia soma 60 páginas e inclui informações da região, conselhos aos caminhantes, mapas, espécies que podem ser avistadas na Arrábida e contactos úteis, além de informação de cada percurso e dados, como a distância total a percorrer, a duração média e características ou época aconselhada.
A “PR1 STB – Encostas de S. Filipe”, com início e término no Parque Urbano de Albarquel num total de 3,9 quilómetros, desenrolando-se pelos caminhos que envolvem o Forte de S. Filipe, constitui-se como o percurso ideal para quem é iniciante nas caminhadas e não quer perder de vista a beleza da Arrábida.
Outro percurso disponível no guia é a “PR2 STB – Alto do Formosinho”, com 8,3 quilómetros. O trajeto inicia-se na Praça da República, em Vila Nogueira de Azeitão, com passagem pelo Convento da Arrábida e fim junto do cruzamento para o Portinho da Arrábida, permite atingir um local icónico de toda a região, o Alto do Formosinho, o ponto mais alto da cordilheira da Arrábida, assinalado com o marco geodésico aos 501 metros.
Esta rede de percursos pedestres inclui, também, a “PR3 STB – Portinho da Arrábida”, de 1,3 quilómetros, com início no parque de estacionamento junto da Estação Arqueológica do Creiro, passagens pelo Museu Oceanográfico e Lapa de Santa Margarida e fim no acesso para Alpertuche.
Já a “PR4 STB – Aldeias de Azeitão” é predominantemente histórica e com vários pontos de interesse natural e patrimonial. Com início e fim na Praça da República, em Vila Nogueira, pode ser feito na íntegra, num trajeto com um total de 17 quilómetros, ou optar-se por uma volta mais curta, com 11,2 quilómetros.
A rede de percursos pedestres, agora inaugurada no concelho, é o início de um projeto maior que, além de Setúbal, envolve Palmela e Sesimbra, o denominado território Arrábida, a concluir em breve.
Na cerimónia de apresentação do Guia Rede de Percursos Pedestres, desenvolvido em parceria com a Instituição da Conservação da Natureza e das Florestas, a presidente da autarquia destacou que “estes percursos, irão juntar-se a outros três no concelho de Sesimbra e mais cinco no concelho de palmela. Todos unidos por uma grande rota, a GR11 – Grande Rota da Arrábida, com 75 quilómetros, concluindo-se, assim, a instalação deste importante traçado europeu na Península de Setúbal”.
A aposta na valorização do turismo de natureza em Setúbal foi outro dos pontos assinalados pela presidente da autarquia. “Sabemos a importância nacional que a Serra tem, o reconhecimento que merece como destino de turismo de natureza, e vamos trabalhar para que todos tenham acesso a este património comum. Acreditamos no turismo de natureza como fator impulsionador da economia local, da promoção dos estilos de vida saudáveis e ativos e de promoção da nossa cultura”, adiantou.
A rede Arrábida Walking Trails utiliza o sistema de sinalética definido pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, através de marcas amarelas e vermelhas que sinalizam as pequenas rotas. Esta sinalética pode surgir em vários suportes, como árvores e postes de eletricidade ou iluminação, cercas ou paredes, de forma intuitiva e natural, para permitir um usufruto pleno do trajeto.
Para transmitir a dificuldade de cada trajeto, foi adotado o código MIDE – Método de Información de Excursiones, ferramenta para que o caminhante possa escolher o roteiro que mais se adequa à sua preparação e motivação. Para cada percurso, é apresentada a respetiva classificação de MIDE, numa escala de 1 (muito fácil) a 5 (muito difícil), bem como a altimetria e as recomendações particulares relativas, entre outras, a épocas do ano, necessidade de material específico e existência de pontos de abastecimento.
“Hoje, são quatro percursos, mas vamos trabalhar com o ICNF e com os proprietários da Arrábida para que sejam muitos mais. É essa a nossa visão para Setúbal. A de um destino de turismo sustentável, desenvolvido em parceria com as entidades e com a população”, destacou Maria das Dores Meira na cerimónia, que juntou elementos da vereação e o presidente da Junta de Freguesia de S. Sebastião, Nuno Costa.
No final da iniciativa, a presidente do município prestou uma homenagem ao recente falecido professor José Fernando Gonçalves, diretor-geral da Associação da Baía de Setúbal que, juntamente com Filipa Fernandes, da Divisão de Turismo da autarquia, foi responsável pela coordenação geral da publicação.
“Esgotou-se-lhe o tempo entre nós, mas não se apagou a sua presença nas nossas memórias. Por isso, aqui deixo, uma vez mais, o nosso agradecimento por tudo o que fez pela cidade que sempre foi a dele. Sempre que subirmos ao Alto do Formosinho, saberemos que estamos mais perto dele.”
O Guia da Rede de Percursos Pedestres vai estar, em breve, disponível para consulta na internet.