O distrito será especialmente contemplado em áreas como a ferrovia e rodovia, a saúde e a educação, mas também a habitação e a modernização industrial.
O distrito de Setúbal pode tornar-se, a médio/longo prazo, a “mola de crescimento do país”. A tese é do deputado socialista André Pinotes Batista que tem agora a responsabilidade de fiscalizar o destino a dar aos 116 mil milhões de euros inscritos no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que a União Europeia já começou a fazer chegar a Portugal de modo a garantir a revitalização económica do país.
O deputado do PS, à conversa com o Semmais, começou por explicar que a comissão que integra “não tem qualquer responsabilidade na distribuição das verbas”, mas que lhe compete fiscalizar o processo, através de comissões parlamentares eventuais que se irão realizar até que toda a aplicação do dinheiro – a maior “bazuca” financeira alguma atribuída ao país – esteja concluída. “Os projetos devem iniciar-se em 2023 e estar concluídos, obrigatoriamente, até 2026”, disse.
Contas feitas, o país terá 6 mil milhões de euros anuais para gastar em processos diversos destinados a recuperar o sistema económico, através da criação e modernização de mais indústria, da melhoria da habitação, e da prestação de cuidados de saúde e educação, entre diversos outros itens.
Sobre o distrito de Setúbal, André Pinotes Batista disse que as áreas de financiamento “já se encontram devidamente balizadas”, sendo que cada investimento, tal como acontece no resto do país e para os restantes estados membros que irão receber dinheiro, tem de ter em conta as três vertentes fundamentais do PRR: Resiliência, Transição Climática e Transição Digital.
Entre acessibilidades e saúde, há apoios para vários setores
“O distrito deverá ter como principais áreas financiadas as acessibilidades, com especial incidência na componente ferroviária, a modernização das empresas, a habitação e rodovia e também os setores da saúde e educação”, referiu o deputado do PS, salientando que “a região tem cerca de um milhão de habitantes e reúne todas as condições para se tornar novamente no ascensor da economia nacional, bastando para tal constatar a importância do porto de Sines, que é a porta de entrada na Europa mais próxima das Américas, e também do eixo entre Sines e Setúbal, onde estão localizadas algumas das principais empresas exportadoras do país, nomeadamente a Navigator e a Autoeuropa”.
“Existem potencialidades que têm agora de ser alavancadas”, diz ainda o deputado, aludindo à necessidade de se criarem condições para que “numa futura crise, porque as mesmas são cíclicas, as populações estejam melhor preparadas para enfrentar dificuldades”.
No âmbito da Resiliência, que compreende como fundamentais os setores da Capitalização e Inovação Empresarial (2.914 mil milhões de euros), Habitação (2.733 mil milhões), Serviço nacional de Saúde (1.383 mil milhões) e Qualificação e Competências (1.324 mil milhões) serão recebidos 11.125 mil milhões de euros.
Portugal terá também direito a 3.059 mil milhões ao abrigo da transição Climática. Neste item os setores mais contemplados são a Descarbonização da Indústria (715 mil milhões), a Mobilidade Sustentável (967 mil milhões) e a Eficiência Energética em Edifícios (610 mil milhões).
Por fim, no que respeita à Transição Digital, cujo bolo total é de 2.460 mil milhões, cabe à alínea Empresas 4.0 o maior quinhão, com 650 mil milhões. A Administração Pública Mais Eficiente será contemplada com 578 mil milhões e a Escola Digital com 559 mil milhões.