O filme ‘O clitóris’, da canadiana Lori Malépart-Traversy, e o documentário ‘Água sagrada’, uma “ode respeitosa ao orgasmo feminino”, abrem o festival CLIT – Cinema em Locais Inusitados e Temporários, que decorre de 8 a 17 de outubro em Setúbal.
Organizado pela Associação Cultural Festroia, o festival tem início com uma sessão especial dedicada ao prazer da mulher, em que será exibido o filme de animação ‘O clitóris’ e o documentário ‘Água sagrada’, do belga Olivier Jourdain, que integram o cartaz do certame, com noventa filmes de 40 países.
O CLIT marca o regresso da Associação Cultural Festroia à organização de festivais de cinema e conta com a Câmara Municipal de Setúbal como patrocinador principal, mas a associação garante não ter a pretensão de substituir o antigo Festroia, Festival Internacional de Cinema de Setúbal, que terminou em 2014, e que era reconhecido internacionalmente.
Com propostas alternativas, e um orçamento muito inferior ao do antigo Festroia, o CLIT conta com três secções: “Estimula-te!, Ativa-te! e Descobre-o!”, cada uma com características próprias e distintivas, sendo as duas últimas competitivas.
Como refere a organização do festival em comunicado, “a secção `Estimula-te!´ terá lugar cativo na Casa da Baía e propõe-se dar a conhecer uma seleção de primeiras obras de novos realizadores nacionais e estrangeiros, agrupadas em animação, artes plásticas, beleza e aceitação, novos valores russos, curtas realizadas por homens, curtas da autoria de mulheres, e ainda produções da Escola Artística Soares dos Reis, exibidas a 14 de outubro, dia em que passam 174 anos sobre o nascimento do escultor”.
A secção competitiva “Ativa-te!”, que decorre na totalidade no campus do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), dedicada a temáticas sociais e ambientais, tem o patrocínio exclusivo do Programa Cidadãos Ativos/EEA Grants, gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Fundação Bissaya Barreto.
“O objetivo desta secção é, com a mediação do cinema, sensibilizar os espetadores para diferentes causas comuns e fomentar o seu envolvimento em ações promovidas pelas entidades parceiras e convidadas, contrariando assim os baixos índices de participação cívica que se verificam em Portugal”, explica a coordenadora do `Ativa-te!´, Helena de Sousa Freitas.
A proteção dos oceanos, saúde mental, direitos das mulheres, refugiados, ação climática, agroecologia, e os impactos da robótica e da inteligência artificial na sociedade são temas propostos nos filmes selecionados para a secção “Ativa-te!” desta primeira edição do CLIT e que servirão de mote a debates com a presença de convidados em todas as sessões.
Na secção `Descobre-o!´, pensada para os mais aventureiros, não serão reveladas as temáticas dos filmes nem os locais de projeção, que mudam de uma sessão para outra, desafiando os espetadores a embarcarem numa “caça ao tesouro” alimentada por pistas divulgadas na aplicação informática do festival e nas redes sociais.
“Com os confinamentos, as pessoas habituaram-se a ficar em casa e quebraram alguns hábitos de sair para ver cinema. O que pretendemos é perturbar este ‘novo normal’ introduzindo um elemento de surpresa, transformando os espetadores em descobridores”, justificou o diretor do CLIT, Luís Humberto Teixeira.