Depois de ano e meio de portas fechadas, os espaços de diversão noturna voltaram a acender as luzes. Apesar de permanecer alguma agrura, há novas ofertas que prometem ficar.
No nosso distrito, à semelhança dos restantes do país – onde cerca de 60% das casas noturnas fecharam de vez, segundo a Associação Nacional de Discotecas -, o setor voltou à normalidade. Contudo, as iniciativas dos empresários da região, face às adversidades que tiveram de enfrentar durante cerca de ano e meio, são distintas. Uns reinventaram-se, outros não conseguiram dado a especificidade da atividade e dos espaços.
Em conversa com o Semmais, Fernando Tomás, administrador do “Roots” na Amora, diz-se bastante revoltado com as medidas de prevenção da Covid-19. “Fiz várias tentativas falhadas”, conta, explicando que ainda tentou abrir em horário reduzido e, ao fim de semana, adaptar o espaço a um restaurante, mas, na sua opinião, “uma casa que nasce para funcionar à noite nunca será uma pastelaria”.
Ainda assim, a discoteca abriu de vez na passada sexta-feira e o empresário garante que tudo correu bem: “Percebemos de imediato que as pessoas estavam sedentas de festa. Os nossos clientes gostam de viver, só precisam que lhes permitam continuar a fazê-lo”.
Já Paulo Barata, que tem a concessão da “Areias da Telha”, na Costa da Caparica, apresenta-nos outra visão. “Este período veio fazer com que redescobrisse o meu negócio”, avança o também proprietário do “Terrace”, na Amora, um bar de dança onde fazia jantares de grupo pela noite dentro. Este espaço fechou durante a pandemia, apesar, conta, de em dezembro ter investido na cozinha. “Até essa altura podíamos trabalhar até às 23h00, mas depois voltou tudo a fechar. Agora tenho um novo projeto para esse espaço” concluiu.
Em Sesimbra também António Anacleto, dono do “Gliese”, descobriu como se reinventar. “O novo modelo pode resultar em mais faturação e lucro, porque agora posso começar a trabalhar pelas 20h00. A ideia passa por replicar o conceito já utilizado nas grandes metrópoles, ou seja um jantar com a presença de DJ convidando os clientes a dar um pé de dança até as 2h00”, avançou.
A criatividade deste empresário antecedeu, no entanto, esta última fase de desconfinamento. Quando as restrições obrigavam a fechar às 13h00, começou a servir brunch e, perante a ordem para encerrar às 22h30, criou o conceito, “Sesimbra com Twist”. “É uma carta de pratos com produtos endógenos, com um toque sofisticado. Temos também uma empresa de pesca, por exemplo o tártaro de espadarte que servimos é pescado pela nossa Anacleto António”, disse, assegurando que “foi uma aposta ganha e para continuar”, assim como a atividade noturna do “Gliese”.