Autarca de Sesimbra diz que ampliação do S. Bernardo não pode ser só para acolher Outão

Declaração foi feita durante a vigília em defesa do Centro Hospitalar de Setúbal e do Serviço Nacional de Saúde organizada pelos três municípios da Arrábida, nomeadamente Palmela, Sesimbra e Setúbal.

O presidente da câmara de Sesimbra, Francisco Jesus, defendeu hoje que a ampliação prevista do Hospital de São Bernardo, que integra o Centro Hospitalar de Setúbal (CHS), não pode servir para acolher a deslocalização do Hospital Ortopédico do Outão.

Numa vigília em defesa do Centro Hospitalar de Setúbal e do Serviço Nacional de Saúde organizada pelos três municípios da Arrábida, Palmela, Sesimbra e Setúbal, e que reuniu cerca de centena e meia de utentes e profissionais de saúde junto ao Hospital de São Bernardo, o autarca sesimbrense apelou a uma clarificação sobre as anunciadas obras de ampliação daquela unidade hospitalar.

 “Nós também temos, para além do São Bernardo, um hospital de referência nacional na especialidade de Ortopedia que também está a necessitar de uma intervenção profunda. E é preciso perceber, de forma clara e inequívoca – coisa que ainda hoje não percebemos -, se a ampliação que se pretende e de que não se vê a luz no Hospital de São Bernardo, será apenas para transferir os serviços que estão no hospital do Outão”, disse Francisco Jesus.

“Se assim for, independentemente de perdermos uma referência que é o Hospital do Outão, há uma realidade incontornável: a ampliação que se pretende não é mais nem menos do que simplesmente realocar um serviço de um lado para o outro. E as respostas que precisamos de ter, de ampliação do equipamento no Hospital de São Bernardo, não serão suficientes para aquilo que são efetivamente as necessidades já hoje identificadas”, acrescentou o autarca sesimbrense.

O presidente da câmara de Palmela, Álvaro Amaro, disse haver uma “queixa unânime” da falta de recursos e de instalações para uma resposta integrada do CHS, e o homólogo da Câmara de Setúbal, André Martins, apelou aos candidatos a deputados dos diferentes partidos para não se esquecerem da reivindicação dos setubalenses.

“Quando forem eleitos para a Assembleia da República levem esta mensagem de que é necessário tomar medidas neste centro hospitalar, para que as populações destes três concelhos (Palmela, Sesimbra e Setúbal) possam beneficiar desses serviços (de saúde) e também para que os profissionais que têm aguentado esta situação, possam finalmente vir a ter melhores condições de trabalho para servir as populações”, disse o presidente da câmara de Setúbal.

“Quando forem para o governo, certamente que não será nenhuma surpresa quando virem a Câmara Municipal de Setúbal ou o Fórum Intermunicipal da Saúde (que agrega os três municípios) dirigir uma missiva no sentido de ser recebido para que esta situação possa ser resolvida”, advertiu o autarca da CDU.

Na vigília, em que marcaram presença vários autarcas da CDU e do BE, o PSD também se fez representar com cerca de duas dezenas de pessoas, incluindo vários autarcas, deputados e candidatos a deputados, que se associaram à vigília convocada por três câmaras municipais de maioria CDU.

“Isto não é um protesto à esquerda nem à direita. Isto é um protesto pelos direitos do cidadão à saúde”, justificou, à agência Lusa, o vereador da câmara de Setúbal e deputado do PSD Fernando Negrão, assegurando que não se sentia “nada incomodado” por estar numa iniciativa organizada por três câmaras comunistas.

“Não me incomoda absolutamente nada, porque é uma causa justa, para contemplar o direito à saúde”, frisou Fernando Negrão.

Para o autarca e deputado do PSD, o futuro Governo deverá ter como prioridade a mudança do Centro Hospitalar de Setúbal, do grupo C para o grupo D, para garantir melhores condições de financiamento daquela unidade hospitalar, a par de um reforço do número de profissionais de saúde.

O Centro Hospitalar de Setúbal é um hospital de referência para cerca de 250 mil habitantes dos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal, mas também para cerca de 100 mil utentes do litoral alentejano.