Fotovoltaica de Pessegueiro é o primeiro de um conjunto de vinte projetos já licenciados pela autarquia, cujo investimento pode chegar aos 300 milhões de euros. Álvaro Amaro fala de um ‘cluster’ em nome da energia verde.
O segundo maior projeto fotovoltaico de Palmela já tem pedra no terreno, pelas mãos do fornecedor de energia suíço EKZ e da Smartenergy. Trata-se da Central Fotovoltaica de Pessegueiro, no Pinhal Novo, com investimento de 32 milhões e criação de 200 postos de trabalho.
De última geração, a central vai contemplar um espelho de 120.000 módulos solares, que serão ligados à rede até ao final deste ano, garantiram os promotores, responsáveis por outras pequenas unidades já instaladas. E já asseguraram, “num futuro próximo”, a construção de mais dois projetos de dimensão semelhante nas proximidades da central inaugurada simbolicamente na quarta-feira passada.
A do Pessegueiro, em Pinhal Novo, terá uma capacidade de produção anual de 126.367 Mwh, o que significa o fornecimento de eletricidade para mais de 25 mil lares, de acordo com as estatísticas de consumo doméstico médio do país. Outra vantagem atribuída ao projeto em velocidade cruzeiro é a emissão anual de 34.749 toneladas de CO2 para a atmosfera, contribuindo para a descarbonização, uma das metas da estratégia verde para a Europa.
Palmela quer estar no centro do ‘furacão verde’
Este desígnio da produção de energia por central solar e da descarbonização está a ser agarrado com ‘unhas e dentes’ pela câmara de Palmela que, num conjunto de quatro dezenas de projetos, já deu luz verde a vinte, a maior parte na reta final do licenciamento, estando para breve o maior de todos, na zona da plataforma logística do Poceirão, com um investimento estimado em 260 milhões de euros. “Este é um caminho incontornável, não só pelas características do nosso território, mas também porque estamos a cumprir a nossa soberania energética e de poupança dos recursos hídricos a uma escala maior”, explica ao Semmais Álvaro Amaro, presidente do município palmelense.
O autarca, que reitera a ideia de que “estes projetos estão a ser implantados com muito critério”, em relação à localização, aos impactos paisagísticos e uso do solo, garante que as reservas ecológica e agrícola “continuam a ser intocáveis”. “Não é uma questão de números, entendemos mais como uma mais-valia numa coexistência pacífica com outros valores naturais de que não abdicamos”, sustenta Álvaro Amaro.
Para além disso, o concelho tem extensão de território apropriada e uma localização estratégica, com grandes aglomerados de consumidores e de indústria, que permite a ligação à rede com custos mais baixos. É este o contexto que leva o edil de Palmela a falar de um cluster, porque, refere, “a energia verde é um caminho incontrolável e o concelho já é um contribuidor para o resgate de carbono para o país e para a Europa”.
O grande desafio de futuro “não é continuar a ‘plantar’ mais parques solares fotovoltaicos, como afirma o presidente do município. É, antes, “perceber como envolver as comunidades de energia às comunidades industriais, de modo a que percebam a mais-valia económica e ambiental destas opções estratégicas”.
E se esta fase é ainda de forte investimento e de abertura de portas para a instalação de novos empreendimentos do género, “vai haver uma altura para se impor um limite”, finaliza Álvaro Amaro.