Este ataque deliberado de Putin ao estado soberano da Ucrânia, ao arrepio do direito internacional e dos tratados de paz subsequentes à segunda guerra mundial, evidencia que os resquícios imperialistas e autocráticos ainda dominam em boa parte do mundo.
A forma célere com que as tropas russas invadiram o coração da Ucrânia não deixa dúvidas de que o líder da Federação Russa tinha o plano bem delineado e andou, claramente, a ganhar tempo. Com o país invadido a descoberto da NATO – o verdadeiro inimigo de Putin – o avanço do invasor parece imparável. É um desastre para a Europa em pleno século XXI, ainda a sair de uma pandemia e a empreender a sua recuperação económica.
Ao contrário do que seria de supor, a pandemia parece ter trazido ao cimo as piores raízes da natureza humana. Depois de uma onda global de solidariedade, assistimos, neste caso, ao regresso do ódio e do belicismo.
Putin é um tirano, autocrático, herdeiro da antiga União Soviética, que está a fazer a sua prova de vida, a pretexto da revisitação do imperialismo.
Com este enredo, há o perigo de escalada nesta guerra, tendo em conta a proximidade de países da União Europeia, que integram a NATO, como Polónia, Eslováquia, Hungria ou Roménia, sem esquecer a Lituânia, que faz fronteira com a Bielorrússia, liderada por Lukashenko, outro louco pró-russo.
São tempos difíceis, com afetação da situação económica em grande escala, que já se faz sentir. Agravada com outra guerra, a dos ciberataques, que prometem fazer ainda mais danos neste mundo global.
Resta saber se com os apertos das sanções determinadas pelo Ocidente, Putin conseguirá manter a paz social e económica dentro de portas, mantendo os níveis de apoio que parece granjear junto do seu povo.
Raul Tavares
Diretor