Rugby Club de Setúbal manda carrinha a Bucareste para trazer refugiados

Clube desportivo, mas sempre virado para ações humanitárias, enviou para Bucareste equipa de médicos e enfermeiros com alimentos, vestuário e medicamentos ofertados na cidade.

A eclosão da guerra na Ucrânia desencadeou em todo o país uma onda de solidariedade. Setúbal não foi exceção, com um grupo de cidadãos a unirem-se em torno do desafio lançado pelo Rugby Club de Setúbal e a juntarem donativos para entregarem, na próxima semana, a refugiados que se encontram em Bucareste, na Roménia. A partida foi quarta-feira. Na viagem de regresso a Portugal a camioneta do clube deve trazer para a cidade alguns ucranianos.

“Esta não é uma situação nova para o clube. Já ajudámos quando das crises na Madeira (enxurradas), no Haiti (terramoto) ou em Moçambique (inundações). Também temos colaborado com o hospital de Setúbal na angariação de meios para combater a pandemia de Covid-19. Estamos sempre disponíveis para fazer algo por quem mais precisa”, disse ao Semmais o presidente do Rugby Club de Setúbal.

Segundo João Terlim, o clube, tomando conhecimento de um movimento que se estendeu ao país, resolveu de imediato iniciar um peditório de alguns bens essenciais, nomeadamente medicamentos, alimentos e vestuário. Ao mesmo tempo respondeu afirmativamente à solicitação de um grupo de médicos e enfermeiros locais, cedendo uma carrinha de 16 lugares (a mesma que serve para transportar os atletas) que irá participar na viagem de mais de 4.000 quilómetros até Bucareste.

“Temos o auxílio das juntas de freguesia da cidade. Serão eles quem, em conjunto com outros organizadores, irão ajudar a instalar as famílias ucranianas que contamos trazer para Setúbal”, revelou João Terlim.

A carrinha (mais algumas viaturas de pessoas da cidade que se uniram ao projeto) partiu da Ericeira na companhia de outros grupos de voluntários, juntando-se posteriormente, já em Espanha, a grupos saídos do Porto e do Algarve. De acordo com Pedro Fonseca, empresário do setor imobiliário e um dos primeiros a aderir à iniciativa, o grupo estabeleceu contactos com a câmara de Bucareste, a qual deverá providenciar alojamento, por um dia, a todos os voluntários nacionais.

 

Imobiliárias cedem habitações gratuitas a ucranianos

Pedro Fonseca disse também que à chegada à Roménia, os voluntários portugueses deverão ficar a conhecer as listas de pessoas ucranianas que estarão dispostas a viajar para Portugal. Esse trabalho é das autoridades locais, explicou.

“Uma vez no nosso país, na sequência do que já foi combinado com diversos empresários do setor imobiliário, as pessoas irão ser distribuídas por várias casas que, entretanto, ficaram disponíveis. Ninguém terá de pagar qualquer renda. Tratam-se de ofertas dos empresários, que foram fazendo levantamentos por todo o país e disponibilizaram habitações. Esta situação abrange, também, Setúbal. De início já tínhamos capacidade para receber 50 a 60 pessoas, mas agora, com o aumento das ofertas, teremos certamente capacidade para trazer mais de uma centena de pessoas”, adiantou.

Pedro Fonseca referiu também que uma segunda caravana nacional, incluindo novamente voluntários de Setúbal, deverá partir para Bucareste dentro de dez dias. “Não pedimos apoios oficiais, porque as pessoas disponibilizam o que podem de livre vontade. Há muitos anónimos, das mais diversas áreas laborais e sociais, que estão a aderir à iniciativa. Estamos diariamente a receber telefonemas de pessoas e entidades que se voluntariam”, acrescentou.