Autarcas do Chega na Moita abandonam partido

Os seis autarcas que o Chega elegeu na Moita nas últimas autárquicas bateram com a porta. São muitas as acusações às cúpulas do partido, que fica sem vereadores eleitos no distrito.

O vereador Ivo Pedaço, e os restantes eleitos pelo Chega na Moita, dois deputados municipais e três membros das juntas de freguesia, abandonaram o partido, ontem à noite, durante uma reunião convocada pela concelhia.

Os autarcas, e a concelhia do Chega acusam dirigentes distritais e nacionais de “tentarem controlar as decisões” do vereador na câmara e de o pressionarem a “defender interesses obscuros”, confirmou ao Semmais o presidente da estrutura local, João Paulo Gaspar.

Segundo a mesma fonte, logo após a tomada de posse, a 19 de outubro, “uma pessoa da direção distrital pediu ao vereador para ajudar a aprovar um projeto de um empresário do concelho, que incluía pagamento de luvas”. “Somos municipalistas, viemos para combater a corrupção e defendemos a nossa terra, não podemos compactuar com estas atitudes de controlo e pressão política”, lamenta o dirigente demissionário do Chega.

Outra situação que fez estourar a bolha prende-se com a alegada posição do deputado do Chega eleito por Setúbal, Bruno Nunes, que alegadamente, segundo João Paulo Gaspar, “disse defender a opção OTA no caso da nova localização do aeroporto de Lisboa”. E, finalmente, “o desprezo e a falta de apoio” que o partido e os seus dirigentes da distrital e da nacional votaram a concelhia. “Já há medo de represálias e de perseguições, como aconteceu com o ex-vereador do Chega no Seixal, só porque aqui defendemos os interesses locais, sem olhar aos interesses do partido e de alguns dos seus dirigentes”, critica.

Para além dos autarcas e do presidente da concelhia, que vai entregar as chaves das instalações de imediato, devem seguir o mesmo caminho algumas dezenas de militantes. E, para já, os autarcas vão manter-se em funções como eleitos independentes. Com este desfecho, o Chega fica sem vereadores no distrito, onde tinha eleito três, nomeadamente nas câmaras de Sesimbra, Seixal e Moita.