Os municípios também estão empenhados em reduzir consumos, mas ainda há desperdícios na agricultura e nas empresas que se dedicam à produção de pasta de papel.
A associação ambientalista Zero alerta para o aumento dos casos de poluição nos aquíferos subterrâneos do distrito de Setúbal. Trata-se de uma preocupação expressa na semana do Dia Mundial da Água, assinalado na semana passada, e numa altura em que diversas autarquias anunciaram a constituição de uma task-force tendo em vista a adoção de medidas que permitam a poupança e melhor gestão dos recursos existentes.
Em declarações ao Semmais, o presidente da Zero, Francisco Ferreira, disse que o aquífero subterrâneo do distrito assume especial importância na medida em que é um dos poucos no país que é, maioritariamente, responsável pelo abastecimento da população residente. Noutras zonas, sublinhou, o abastecimento faz-se, sobretudo, com águas de superfície. “Temos de preservar as águas subterrâneas, porque são mais resilientes. Resistem melhor aos períodos de seca, não evaporam com tanta facilidade e não estão dependentes de quem as tira a montante. No entanto, existe uma ameaça real e que é consequência da poluição causada pela abertura de um crescente número de furos”, disse.
Francisco Ferreira enumerou depois alguns outros fatores que, em sua opinião, estão a contribuir para a degradação do aquífero no distrito e, sobretudo, na península de Setúbal: “Para além de algum aumento do nível de poluição das águas subterrâneas, que se faz notar com maior incidência na zona de Troia, temos também a apontar algum excesso na extração. Outra situação preocupante tem a ver com as grandes quantidades utilizadas por algumas empresas, nomeadamente as que se dedicam à produção de pasta de papel. Por fim, temos a questão da agricultura, que no distrito se faz maioritariamente por aspersão quando, em nossa opinião, deveria ser utilizado o sistema de rega gota a gota”.
Autarquias e outras entidades dizem-se atentas à temática
As circunstâncias de seca extrema em quase todo o país e o conjunto de medidas preventivas que têm vindo a ser preconizadas por algumas autarquias e instituições mereceu também um comentário do ambientalista. “Deveriam ser difundidas e efetuadas durante todo o ano e não apenas nos períodos de maior aperto”, acrescentou.
Uma das câmaras municipais mais interventiva nesta temática tem sido a do Barreiro. O vereador Carlos Guerreiro, mesmo considerando que parecem não existir problemas muito acentuados no distrito, entende que são necessárias mais ações preventivas e de esclarecimento. Neste município, disse, pretende-se obter, nos próximos dois anos, uma redução de 20 por cento na água utilizada na rega de espaços públicos. O próprio consumo per capita deverá ser reduzido em cinco por cento, incluindo-se aqui os gastos efetuados pelos serviços autárquicos, instituições e empresas.
Outra entidade que se tem revelado ativa na campanha de gestão da água é a empresa Águas de Santo André, que tem vindo a desenvolver diversas campanhas em ambiente escolar, como aconteceu no dia 22, Dia Mundial da Água, quando os seus técnicos receberam 50 alunos do primeiro ciclo.