Portalegre Palace recupera património histórico, promove os produtos locais e aproveita os jovens talentos formados na Escola de Hotelaria da cidade. Um conceito luxuoso que abre portas a uma clientela diferenciada. Projeto deve alargar-se em breve a Marvão e Castelo de Vide.
Luxo e proximidade, trabalho e parcerias, pessoas e valorização profissional. Estes são três pilares em que assenta um novo conceito hoteleiro que, em breve, vai surgir em Portalegre. Trata-se de um empreendimento de cinco estrelas que, em pleno centro da cidade, promete revolucionar o setor turístico do concelho, que ainda é muito deficitário. Um projeto que conjuga também a importância histórica e cultural, desenvolvido por um empresário que já prepara duas outras novas unidades, em Castelo de Vide e Marvão.
Nelson Carvalho, o diretor do Portalegre Palace, cuja inauguração está programada para 23 de maio, o Dia da Cidade, entende que este investimento, na ordem dos 2,4 milhões de euros, pode representar um ponto de viragem no conceito hoteleiro local. “Tem, desde logo, a particularidade de possuir nove suites e dois quartos. ´Poderia perfeitamente ter 22 ou 24 quartos tradicionais, mas deu-se primazia a um conceito diferenciador pela qualidade”, sublinhou.
O Portalegre Palace, localizado a Avenida Alexandre Herculano, a dois passos do plátano, a árvore que é monumento nacional é, também ele, um monumento de grande valor histórico.
“O edifício encontrava-se desabitado e a caminhar para uma fase avançada de degradação. Pertenceu ao Visconde do Reguengo, que foi uma grande figura do século XIX, nomeadamente devido a alguns feitos militares. Além disso, o palácio recebeu também o rei D. Carlos, que ali pernoitava de cada vez que se deslocava para caçadas conjuntas com membros da realeza espanhola em terrenos fronteiriços”, explicou Nelson Carvalho.
Visão futurista e progressista do Visconde do Reguengo
Em Portalegre o edifício, cujo projeto foi recentemente dado a conhecer, também é conhecido como “Palácio das Estátuas”. No seu topo, quando da construção, terão sido colocadas, por ordem do Visconde do Reguengo, cinco estátuas, que ainda hoje se encontram no mesmo local e simbolizavam a visão futurista e progressista defendida pelo então proprietário.
“As estátuas representam a agricultura, a pesca, a indústria, o comércio e, veja-se, a Europa. Estes eram os pilares que já nessa época eram tidos como fundamentais pelo visconde. Documentos da época que descobrimos referem que as estátuas terão sido concebidas em Fátima”, adianta à Semmais o diretor do empreendimento.
A recuperação deste imóvel de interesse histórico, mas abandonado, explica o mesmo responsável, é, de resto, um dos objetivos do promotor, o empresário Hélder Martins que, apesar de estar profissionalmente ligado às energias renováveis, tem vindo a investir, na reabilitação turística e hoteleira, de palacetes centenários. “Depois da inauguração do Portalegre Palace seguir-se-ão intervenções idênticas em edifícios já adquiridos em Castelo de Vide e Marvão”. “Estamos a fazer nascer uma pequena cadeia hoteleira de luxo na região”, acrescentou Nelson Carvalho.
Sobre o interesse que a unidade está a despertar na cidade, o diretor do hotel esclareceu que, quando da apresentação do projeto, houve boa adesão por parte da população e de diversas entidades, as quais encaram a iniciativa como uma forma de criar mais trabalho, riqueza e desenvolvimento turístico.
Aposta na valorização dos produtos endógenos
Associada a este novo produto hoteleiro, está também a ideia de aproveitar e promover todo o património, humano e cultural, dos naturais do local de implementação.
“Queremos criar sinergias com a cidade, nomeadamente com os departamentos de cultura e turismo do município, mas também com a Escola de Hotelaria, daí que dos 11 funcionários que o hotel irá ter, muitos deles tenham ali feito a formação. Queremos travar a fuga de talentos. Além disso são pessoas do concelho. Conhecem bem a região e os seus hábitos e, por isso, podem ser excelentes cicerones”, refere o diretor.
Aliado ao conceito de luxo e à forma de bem receber, criando um conceito de proximidade com os clientes, está ainda a intenção de valorização de todos os restantes estabelecimentos da cidade. Nelson Carvalho diz que, pelo facto de não possuir restaurante, o Portalegre Palace está também a contribuir para a promoção dos “diversos e muitos bons restaurantes existentes na cidade, no concelho e noutros municípios vizinhos”.
“Não teremos serviço de restaurante, mas teremos, por exemplo, pequenos almoços personalizados e confecionados no momento”, disse, salientando mais um aspeto diferenciador: “Além dos pequenos almoços teremos também o chá e, diariamente, às 18h00, aquilo a que chamámos a Prova dos Três”.
Se o período dedicado ao chá servirá para promover, por exemplo, a atividade doceira (doces conventuais) que caracteriza a cidade, com a possibilidade de os clientes frequentarem a denominada Oficina dos Doces, já a Prova dos Três, que terá lugar na antiga adega do palácio, privilegia a degustação diária de diferentes produtos regionais, onde se destacam o pão, os enchidos, o queijo e, naturalmente, a grande variedade de vinhos produzidos nas encostas da Serra de São Mamede. “A cozinha que serve de apoio à Prova dos Três e ao chá não terá quaisquer equipamentos elétricos ou a gás. Ali funcionará apenas um fogão a lenha, mantendo-se o espaço inalterado, igual ao que existia quando o edifício foi construído”, concluiu.
3,5 milhões em Castelo de Vide
Se o Portalegre Palace é o primeiro dos hotéis de luxo, o Hotel Pasmar, que deverá abrir em 2023, na quinta como o mesmo nome, no concelho de Castelo de Vide, será uma espécie de joia da coroa do grupo hoteleiro que Hélder Martins está a formar. “Contamos inaugura para o ano, na Quinta do Pasmar, em Castelo de Vide, o Hotel Pasmar. Trata-se de um investimento de 3,5 milhões de euros e corresponde a um estabelecimento de 19 quartos. Um investimento que, tal como o de Portalegre, é de luxo e se destina a uma classe que, até ao momento, não encontra nada de igual nesta zona do Alentejo”, disse à Semmais o empresário albicastrense. De acordo com Hélder Martins deverá também ser inaugurado, ainda sem data definida, uma outra unidade em Marvão. “Estes projetos pretendem, sobretudo, dotar os distritos de Portalegre e de Castelo Branco, que é vizinho, com estruturas hoteleiras de qualidade superior e que ainda não existem. Tomei a decisão de avançar depois de constatar, nos contactos com empresários de vários setores, que esta é uma lacuna grande que merece ser explorada e suprimida”, adiantou.