Executivo CDU deixou dívida irrecuperável acima de 4 milhões na câmara da Moita

Em causa estão dívidas relacionadas com o abastecimento de água, acumuladas ao longo de 30 anos. 

O novo executivo da câmara da Moita encontrou uma dívida superior a quatro milhões, deixada pela anterior presidência comunista, que considera ser irrecuperável. Em causa estão imparidades relacionadas com o abastecimento de água.

Em declarações à Lusa, a vice-presidente da autarquia, Sara Daniela Rodrigues e Silva, explicou que, quando foi apresentado o relatório de contas de 2021, o auditor externo referiu que tinha sido detetada uma dívida incobrável relativa ao abastecimento de água refletida na conta de clientes no valor de 4,4 milhões de euros.

A conta de clientes, adiantou Sara Rodrigues e Silva, tinha um saldo de 5,3 milhões dos quais só 863 mil era considerado recuperável.

“Por opção nunca foram consideradas imparidades ao longo deste tempo, estamos a falar de dívida acumulada desde 1992 relativamente ao abastecimento de água e que realmente aumentava a rubrica de clientes, supostamente era uma dívida que não era recuperável e que não iria entrar na receita dos cofres da autarquia”, disse.

O Partido Socialista venceu as últimas eleições autárquicas na Moita, uma câmara que sempre pertenceu à CDU. A edilidade era presidida por Rui Garcia, agora é presidida pelo socialista Carlos Rodrigues Albino.

A vice-presidente da autarquia adiantou à Lusa que a dívida detetada era apresentada como se entrasse nos cofres, mas na realidade isso não aconteceria porque era incobrável por terem passados os prazos de cobrança.

“Estamos a falar de um camuflar de valores que estavam refletidos na conta de clientes e que não vai ser possível recuperar e entrar nos cofres da autarquia. É considerado irrecuperável e por isso passaram para gastos”, disse adiantando que o valor deveria ter sido há muito considerado como um gasto e imparidade.

Este valor de mais de quatro milhões de euros, frisou, é dinheiro que a autarquia estimava poder utilizar e que não vai ser possível cobrar.

“Gostaríamos de usar no que fosse útil para o concelho e que neste momento é irreal, não existe e isso é o que é o que nos interessa que a população saiba, que havia uma rubrica e dinheiro que podíamos cobrar e que, na realidade, é incobrável”, salientou.