Perito diz em tribunal que ‘airbags’ de Audi falharam em acidente grave

No acidente de viação, uma jovem ficou incapacitada e totalmente dependente. A colisão frontal entre o Audi A3 e um pesado de mercadorias ocorreu em 7 de abril de 2008 na EN378, em Sesimbra.

Um perito que avaliou uma viatura Audi A3 envolvida num acidente de viação que deixou uma jovem incapacitada, em Sesimbra, em 2008, defendeu hoje no Tribunal de Setúbal que terá havido uma falha nos `airbags´ do automóvel.

“A minha avaliação é que a interpretação do sistema (dos `airbags´) foi incorreta. O sistema interpretou mal o tipo de acidente e decidiu mal, não abrir os `airbags´”, disse ao tribunal o engenheiro Sérgio Santos, um dos peritos responsáveis pelo relatório de reconstituição do acidente, elaborado pela empresa DEKRA, Peritagem Automóvel, de Leiria.

No processo cível, que começou a correr no Tribunal de Sesimbra, mas que transitou para Setúbal na sequência da reforma judiciária, Eduarda Farias e a filha reclamam uma indemnização de 1,2 milhões de euros e uma pensão anual de 10.000 euros, acrescida de 406,92 euros por mês para medicação.

Segundo a acusação, a jovem Andreia Rocha, na altura com 23 anos, ficou incapacitada e totalmente dependente, devido ao acidente de viação, uma colisão frontal entre o Audi A3 da Andreia e um pesado de mercadorias, que ocorreu em 7 de abril de 2008 na EN378, em Sesimbra, alegadamente, porque não foram acionados os ‘airbags’, devido a uma “falha ao nível da unidade de comando do sistema dos `airbags´”.

Perante a juíza Maria Conceição Miranda, o advogado de defesa da Audi, Miguel Pena Machete, tentou explorar a possibilidade de os `airbags´ não terem sido acionados por, de acordo com os relatórios técnicos e com o testemunho dos dois peritos ouvidos hoje pelo Tribunal de Setúbal, ter havido “dois momentos de desaceleração” quando ocorreu a colisão frontal dos dois veículos.

Miguel Pena Machete questionou a possibilidade de a primeira desaceleração da viatura da Audi não ter sido suficiente para acionar os `airbags´ e de os mesmos não terem sido acionados, não por qualquer deficiência, mas por terem ficado inutilizados devido à violência da colisão.

O perito Sérgio Santos defendeu, no entanto, que não se tratava de dois momentos distintos de desaceleração da viatura (devido à colisão), mas de dois tipos de desaceleração no mesmo momento, em termos frontais e longitudinais, reiterando a convicção de que o acidente em causa deveria ter acionado os `airbags´ da viatura Audi 3.

Em declarações à Lusa no final da audiência, a advogada Susana Garcia, que representa Andreia Rocha, agora com 37 anos, e a mãe, Eduarda Farias, defendeu que houve mesmo uma falha no funcionamento dos `airbags´ da viatura da Audi.

“Quando estamos a comprar um carro, acreditamos que os `airbags´ vão funcionar se tivermos um acidente. Como disse o engenheiro (Sérgio Santos), normalmente, os `airbags´ até pecam por abrir, abrem mesmo às vezes quando o risco não existe. É para isso que existe um sistema de segurança passiva, do qual fazem parte do sistema dos tensores dos cintos de segurança e os `airbags´”, afirmou.

Susana Garcia lembrou ainda que, “noutros países do espaço europeu, (a Audi) pura e simplesmente decidiu recolher estas viaturas e substituir o sistema de `airbags´, o que não aconteceu em Portugal”.

O advogado que representa a Audi não quis prestar declarações no final da audiência.