O título escolhido corresponde a um poema que faz parte do livro: “Sines – A Varanda do Oceano”, apresentado na Capela da Misericórdia, em Sines, na tarde do passado dia 9 de abril. Foi a concretização de um projeto que coordenei, enformado por 22 poemas meus e 23 fotografias de sete fotógrafos ligados a Sines e um texto que nos fala de alguns aspetos da história dessa mesma terra emoldurada pelo mar profundo.
Um livro feito sob critérios de grande exigência gráfica, editado pela Junta de Freguesia de Sines e patrocinado por diversas empresas e entidades, constituindo-se como oferta de prestígio, divulgadora da beleza natural e das atividades que no local se desenvolvem.
E falando nestes atributos, nada melhor que ilustrar este apontamento com um elemento tão particular da azáfama quotidiana destes dias que correm, em que, pelas mesas de Sines, tomam lugar e se comem as suas saborosas sardinhas assadas. Coisa que nós portugueses tão bem fazemos e que, é motivo de vaidade por sabermos que noutros lugares e outros povos são pouco dados ao sabedor amanho deste pescado.
Tenho a felicidade de ter casa sobre o Porto de Pesca e gozar deste bailado noturno. Daí que, só mesmo um olhar límpido, desafiado pelo horizonte e pelo sonho, se torna companheiro e amigo de mais uma jornada, de gente simples e corajosa que ao mar se faz, enfrentando intempéries, para nos trazer a delícia de nossos pratos e lutar pelo seu sustento. Tudo o resto fica para o desafio de se encontrar o prazer de uma leitura, que se pretende alegre e colorida, como as cores que se emprestaram às palavras deste poema.
Lá vai a traineira, desliza serena.
O luar é de prata e a noite pequena.
Faz-se ao mar, leva esperança
duma pesca farta.
O mar em bonança
a onda lhe aparta.
Leva a coragem dos homens prá faina,
não há aragem que corra, o vento se amaina.
A quilha a rasgar tomando caminho,
mão firme no leme entre força e carinho.
Vai pela noite, leva a promessa
de quando o sol raiar
ser boa a remessa.
José António Contradanças
Economista / Gestor