Porto de Sines estuda terminal para movimentação de gases renováveis

Possibilidade está a ser estudada e pode vir a representar um investimento de cerca de 20 milhões de euros, segundo José Luís Cacho, presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS)

O Porto de Sines está a estudar a possibilidade de transformar uma “ponte-cais” multiúsos num terminal para movimentação de gases renováveis, prevendo um investimento de cerca de 20 milhões de euros, avança a agência Lusa, após conversa com José Luis Cacho, o presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS).

“Vamos fazer alguns investimentos para melhorar as condições de um pequeno cais e prepará-lo para, no futuro, fazer a movimentação de gases renováveis e, eventualmente, bancas para abastecimento a navios”, afirmou o responsável. José Luís Cacho revelou que estes investimentos podem vir mesmo a acontecer “durante o próximo ano”, de forma a estarem “disponíveis e em operação a partir de 2024”.

Segundo o responsável, os investimentos “na melhoria das condições da ponte-cais”, para receber gases renováveis, como Gás Natural Liquefeito (LNG) ou hidrogénio e amónia verdes fazem parte do Plano de Atividades daquela infraestrutura portuária, no âmbito da transição energética.

José Luís Cacho explicou que o LNG, recentemente classificado como gás renovável pela União Europeia, deve ser primeiro a “entrar em operação” naquele terminal, dado que existe “um conjunto de orientações” que indicam que este é “o gás de transição dos próximos anos”.

“Atualmente, como não há possibilidade de entrada de gases como o hidrogénio, tecnologia suficiente para isso, nem há hidrogénio para tal, naturalmente, começará a movimentar gás natural”, frisou. No futuro, acrescentou, “estará preparado para receber navios com outros gases renováveis como é o caso do hidrogénio, amónia e metanol”.

O presidente da administração portuária adiantou que a APS ainda está a avaliar o modelo de gestão do terminal de gases renováveis, garantindo, não obstante, que este “será operado naturalmente por empresas privadas”. “Podem ser [empresas] japonesas, pode ser a REN, a Galp, todas as empresas que estão em Sines podem utilizar essa infraestrutura”, exemplificou.

 

Balanço da participação da Cimeira da Energia de Tóquio

Recentemente, a Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS) e o Porto de Sines, participaram na Cimeira da Energia de Tóquio, evento importante para as entidades segundo José Luís Cacho. “(o evento) aprofundou os temas relacionados com a importância da transição energética” e a aposta “nos gases renováveis e mais limpos, como o hidrogénio e a amónia”, explicou o responsável.

Durante a cimeira, o Porto de Sines efetuou contactos com as empresas responsáveis pelo projeto-piloto que está a ser desenvolvido entre o Japão e a Austrália “para transporte de hidrogénio liquefeito”, acrescentou.

O presidente da administração portuária reforçou que, nos últimos anos, tem estabelecido “contactos com entidades e estruturas empresariais japonesas no sentido de [perceber] o interesse em desenvolverem investimentos em Sines”.

“É um país que tem feito uma aposta forte nas energias e nós vemos com muito interesse o desenvolvimento de investimentos japoneses em Sines”, concluiu.