Câmara de Serpa realoja quase 20 timorenses a viver “em condições indignas”

Vinte timorenses, “sem contrato de trabalho” e detetados em “condições habitacionais indignas” na vila de Pias, em Serpa (Beja), foram realojados temporariamente noutras instalações, a maioria na sede deste concelho, revelou hoje a câmara.

Em comunicado, o município de Serpa explicou que a Segurança Social realizou, durante a manhã de quarta-feira, uma ação inspetiva às condições em que viviam os imigrantes, na freguesia de Pias.

Em declarações à agência Lusa, o vice-presidente da autarquia, Carlos Alves, explicou que a ação se centrou num grupo de 20 cidadãos timorenses, dos quais “16 homens e quatro mulheres, que viviam todos numa casa”.

Os cidadãos não possuíam contrato de trabalho e encontravam-se “em condições habitacionais indignas”, pelo que “foram realojados temporariamente”, acrescentou a autarquia, no comunicado.

Nesta ação inspetiva, a Segurança Social foi acompanhada por representantes da Junta de Freguesia de Pias, pelo CLAIM — Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), pela GNR e pela Proteção Civil Municipal.

Fonte do Comando Territorial de Beja da GNR contactada pela Lusa acrescentou que a inspeção foi ainda acompanhada pela Saúde Pública e pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

Segundo a Câmara de Serpa, perante esta situação de emergência e por solicitação da Segurança Social, a autarquia “assumiu a responsabilidade do realojamento temporário” de 16 destes timorenses, o grupo de homens, “garantindo ainda a entrega de alimentação, enquanto for necessário”.

“Os 16 homens foram colocados, logo na quarta-feira, no pavilhão multiúsos da câmara, que é o espaço que utilizamos quando temos este tipo de situações, e irão lá estar o tempo que for necessário”, sublinhou à Lusa o vice-presidente.

Quanto às quatro mulheres, Carlos Alves disse que, de acordo com informações que lhe foram transmitidas pela Segurança Social, “foram realojadas em Beja”.

No comunicado, a câmara, que realçou ter respondido a “esta situação de emergência procurando criar as condições mínimas exigíveis para estas pessoas, até que as entidades responsáveis encontrem uma solução”, reiterou a sua “preocupação pelas condições em que vivem os imigrantes” na região.

E apelou “às autoridades competentes [para] que rapidamente sejam criados instrumentos legais que não permitam a situação de vulnerabilidade social e desumana em que vivem estes homens e mulheres”, que procuram em Portugal “melhores condições de vida”.

O vice-presidente da câmara alertou que a campanha da azeitona “está a aproximar-se”, devendo começar lá para finais de setembro ou em outubro, e que já agora chegam diariamente imigrantes a Serpa, nomeadamente timorenses.

“Temos conhecimento de que os timorenses estão a chegar aqui diariamente, entre 15, 20. Todas as noites vejo-os chegar, em autocarros. É preocupante o que se está a passar”, afirmou, referindo que estas pessoas trabalham sem contratos ou mesmo sem pagamentos.

“A situação vai continuar, porque agora vieram-se estes embora e para a semana vão buscar mais e colocam-nos nas mesmas condições”, lamentou.