Dificuldades com alojamento em Évora para estudantes universitários

Presidente da Associação Académica da Universidade de Évora revele que lista de alojamentos feita pela Associação já se encontra lotada e que Pousada de Juventude e outras residenciais privadas já atingiriam a sua capacidade total

O presidente da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE), Henrique Gil, alertou hoje que os estudantes enfrentam cada vez mais dificuldades para encontrar alojamento na cidade, o que, argumentou, deve-se à reconversão de casas para turismo.

“Muitos estudantes da Universidade de Évora (UÉ) não abandonaram as casas [que já habitavam] durante o verão e continuaram a assegurar o pagamento da renda para não as perderem”, afirmou à agência Lusa o presidente da AAUE.

Segundo o dirigente estudantil, os anúncios de alojamento privado para estudantes em Évora “baixaram cerca de 70%” em relação ao último ano antes da pandemia, em 2019, por muitos senhorios terem mudado, sobretudo, para o setor turístico.

“Já a procura subiu pelo simples facto de o número de estudantes na UÉ ter aumentado. Além de terem sido [abertas] mais vagas, também foram mais estudantes colocados”, frisou, assinalando que o crescimento de alunos “foi de 5%, ou seja, mais 100 alunos”.

O presidente da AAUE adiantou que a habitual lista com alojamentos disponíveis feita pela associação teve este ano “uma redução de cerca de 30%” em relação a 2021, pelo que, “nas primeiras horas do primeiro dia de matrículas, ficou logo lotada”.

“Temos a indicação de que os ‘hostels’ da cidade estão lotados, a Pousada da Juventude de Évora está também lotada e há ainda residenciais privadas que estão já a 100% da sua capacidade”, referiu o responsável.

Henrique Gil salientou, porém, que “ainda é cedo para se fazer uma avaliação do verdadeiro impacto” da falta de alojamentos em Évora, pois, só “com o decorrer normal das aulas” é que dá para “perceber os estudantes que estão e não estão a faltar”.

Quanto aos alojamentos prometidos, o dirigente estudantil disse que, em relação a um ‘campus’ de residências anunciado em 2018 para um terreno junto às piscinas municipais, “nada andou”, devido ao “embrulhar do processo” entre as entidades envolvidas.

Já sobre os projetos da UÉ aprovados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a criação de alojamentos num edifício da academia na rua das Alcaçarias e no antigo Clube dos Sargentos do Exército, o responsável disse recear que demorem tempo até começarem a contribuir para o aumento do alojamento.

“Mesmo que construam as residências em tempo recorde, está previsto que os edifícios acolham alunos de outras residências para que essas possam ser reabilitadas e eu diria que só num cenário a três anos é que podemos falar em aumento de camas”, argumentou.

A associação académica que representa os estudantes da UÉ estima que a média da renda paga por um quarto em Évora se situe entre os 250 e os 280 euros, acrescida de despesas com água, eletricidade e gás, entre outras, precisou Henrique Gil.

“Apesar de o preço não estar a aumentar tanto como se vê noutras cidades, há práticas que os senhorios querem impor, como cauções, o pagamento de mais duas rendas e fiador, e que estão a criar instabilidade nos agregados familiares”, acrescentou.

A UÉ anunciou que 1.272 novos estudantes foram colocados nos seus cursos, através da 1.ª fase do Concurso Nacional de Acesso (CNA), o que corresponde a 97% das vagas disponibilizadas.

A Universidade de Évora será frequentada neste ano académico por cerca de 8.500 alunos.