Tempo da flexibilidade e tolerância acabou. Reais progressos no serviço são exigidos. Estão em cima da mesa todos os cenários, desde o não pagamento das operações falhadas à rescisão do contrato.
As falhas nas operações da Alsa Todi e da TST, responsáveis pelo transporte rodoviário na península, no âmbito da Carris Metropolitana, está a entrar num ponto de rutura para a Área Metropolitana de Lisboa (AML) e as autarquias, que já esgotaram a paciência com as operadoras.
Os constantes problemas na oferta, como a supressão e falta de carreiras, incumprimento de horários e a pouca informação disponibilizada aos utentes, tem sido alvo de grande contestação, ao que apurou o Semmais junto das câmaras municipais da região e da AML.
“A linha de paciência e tolerância com as operadoras há muito que foi ultrapassada, pela AML, as autarquias e, em especial, pelas populações”, afirma ao Semmais Carlos Humberto, primeiro secretário da AML, que integra a Comissão Executiva Metropolitana de Lisboa.
“Não podemos continuar a permitir que o serviço prometido não seja cumprido”, sublinhou o responsável, alegando as “falhas constantes que não permitem às pessoas organizar a sua vida, como por exemplo ir trabalhar ou estudar”. É inadmissível”, atira taxativamente.
As autarquias denunciam que nada fazia prever as dificuldades, além das adaptações normais no início do processo. “A operadora assumiu compromissos ao concorrer a concurso público lançado pela Transportes Metropolitanos de Lisboa e nos tempos previstos para o efeito. A Alsa Todi não antecipou nem comunicou qualquer dificuldade em assumir esse serviço”, refere a câmara de Setúbal em resposta enviada à nossa redação.
“O problema é que nem a oferta mínima, sem crescimento, tem sido cumprida ou correspondido às expetativas”, reforça a câmara de Palmela, quando questionada pelo nosso jornal. O edil Álvaro Amaro afirma mesmo que “não pagará nem mais um cêntimo a quem não cumpre o contrato”.
Protestos em vários locais e rescisões em cima da mesa
Recentemente, à semelhança do que tem sido adotado pela generalidade das autarquias, a de Alcochete, por exemplo, aprovou uma moção exigindo a “urgente normalização” do serviço e apelando à aplicação de “penalidades previstas em contrato pelo flagrante incumprimento”.
Em Almada, onde opera a TST, estão já marcados protestos para este fim de semana, na Costa da Caparica e em Cacilhas. A onda de contestação também chega no sábado a Setúbal, endossada pelo presidente André Martins, nos encontros para debater o problema com os munícipes.
Pelo que foi possível recolher junto dos municípios, as justificações das operadoras prendem-se com a falta de motoristas. A TST tem procurado melhorar o serviço e é público que a Alsa Todi garantiu a contratação de cerca de 60 cabo-verdianos. Carlos Humberto refere que são sinais, mas tardios e insuficientes, que vão demorar a ser aplicados.
De acordo primeiro secretário da AML, a entidade estuda já alternativas e uma delas é a rescisão do contrato. Ainda assim, levanta-se o problema de como será feita essa rescisão, se há lugar a indemnizações e, depois, quem garantirá o serviço. Carlos Humberto sublinha que “estão todas as opções em aberto e a ser alvo de análise”.