Municípios da Arrábida acertam estratégia de adaptação às alterações climáticas

A criação de estratégias locais é o objetivo dos Planos Locais de Adaptação às Alterações Climáticas da Arrábida (PLAAC Arrábida), dos municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal, que propõem “224 medidas e 520 ações”, foi hoje anunciado.

“Estes três planos são únicos no país, não só pela metodologia inovadora que o Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) usou, com uma abordagem à escala municipal, mas também porque grande parte das 224 medidas e 520 ações propostas, foram desenvolvidas numa ação de base junto da comunidade”, afirmou o professor José Carlos Ferreira, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova.

“Isto só foi possível fazer através de um processo de envolvimento ativo da comunidade, ou seja, de cada um dos grupos de atores, desde o empresário, agricultor, o pescador, enfim, quem quis participar, para além das equipas técnicas de cada um dos três municípios”, acrescentou José Carlos Ferreira durante uma apresentação dos planos locais de adaptação às alterações climáticas, nas instalações da Agência de Energia e Ambiente da Arrábida (ENA), em Setúbal.

Os PLAAC Arrábida, financiados pelo EEA Grants, um programa ambiental financiado pela Islândia, Liechtenstein e Noruega, que, entre outros objetivos, visa promover uma maior resiliência às alterações climáticas, foram elaborados ao longo dos últimos 19 meses, num trabalho conjunto da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova, Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) e equipas técnicas dos municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal.

O perigo de inundações e galgamento da zona costeira, erosão costeira e recuo das arribas, calor excessivo, seca, tempestades de vento e outras situações resultantes das alterações climáticas, foram alguns dos cenários equacionados no âmbito dos três planos locais que foram discutidos com as populações.

Segundo José Carlos Ferreira, houve sempre a preocupação de “envolver as populações e de as ouvir sobre as soluções que apresentavam para os problemas”.

“Fomos a espaços onde as pessoas se sentem à vontade, desde o centro cívico local ao clube recreativo, para chamar as pessoas para trabalhar connosco. E nessas sessões explicámos o que é o clima atual e o que é a perspetiva para o futuro”, disse.

“Depois perguntámos às pessoas como podemos resolver a questão. Também apresentamos um conjunto de medidas, procuramos perceber se estão a compreender essas medidas e que dificuldades anteveem na sua aplicação. A este processo nós chamamos a co-construção das soluções”, acrescentou José Carlos Ferreira.

Para a diretora executiva da ENA, Cristina Daniel, “a ideia [dos PLAAC Arrábida] é as pessoas começarem a adaptar-se, começarem a adquirir competências para conseguirem ser mais resilientes e recuperarem os territórios dos efeitos das alterações climáticas, que já estão a acontecer”.

“A ENA lançou o desafio aos municípios, que aceitaram de imediato. E envolveu no consórcio duas entidades muito importantes e que têm muita experiência, trabalho e competência nesta matéria: o  IGOT e a FCT da Universidade Nova”, sublinhou.