O PCP responsabilizou esta segunda-feira as câmaras lideradas pelo PS e PSD no distrito de Portalegre que integram a empresa Águas do Alto Alentejo (AAA), que gere a água em baixa, pelo “aumento” do valor das faturas.
“O PCP responsabiliza o PS e o PSD pela atual situação que resultou na criação da empresa intermunicipal para a gestão da água em baixa e os problemas que decorrem da sua gestão”, acusou Fernando Carmosino, membro da Direção da Organização Regional de Portalegre (DORPOR) do PCP, em conferência de imprensa.
Para o dirigente comunista, “confirma-se o cenário de degradação” que tinha sido “antecipado” pelo PCP relativamente às condições do serviço prestado nos 10 mnicípios de Portalegre que aderiram à AAA (o distrito é composto por um total de 15).
“Comprova-se agora que a alienação da gestão da água em baixa a uma entidade externa aos municípios provocou elevados aumentos das tarifas, não assegurou a melhoria da qualidade dos serviços e da água, como apregoado pelo PS e PSD, muito pelo contrário”, alertou.
A AAA assumiu, em julho, a gestão dos sistemas públicos de abastecimento de água em baixa e de saneamento nos concelhos de Alter do Chão, Arronches, Castelo de Vide, Crato, Fronteira, Gavião, Marvão, Nisa, Ponte de Sor e Sousel.
De fora da AAA, ficaram os municípios de Portalegre (PSD/CDS-PP), Elvas (PS), Campo Maior (PS), Monforte (CDU) e Avis (CDU), ou porque optaram por não aderir ao projeto ou porque já integravam outras concessões e sistemas.
De acordo com Fernando Carmosino, as populações dos concelhos que integram a AAA “relatam” nesta altura casos de aumentos mínimos de “100%” na fatura da água.
Para o dirigente comunista, as populações, perante este sistema empresarial “deficiente e incompetente”, encontram-se, na prática, a “pagar duas vezes” o mesmo serviço, nomeadamente através dos “tarifários aumentados”, criados para “suprir” gastos de funcionamento da empresa intermunicipal, e através do “financiamento público”, assegurado pelas autarquias e o seu orçamento.
No decorrer do encontro com os jornalistas, Fernando Carmosino relatou ainda que existem casos de roturas no sistema de abastecimento que “duram horas” até serem resolvidos, bem como taxas e serviços auxiliares que passaram a ter “custos exorbitantes”.
O membro da DORPOR do PCP alegou ainda que há situações de “incapacidade de resposta” em relação à limpeza de fossas séticas, bem como a existência de um serviço de atendimento ao consumidor “muito distante e ineficiente” face ao que era prestado pelos serviços das câmaras municipais.
“A alienação da gestão da água pública em baixa, por um período contratual de 20 anos, não teve a preparação merecida e começou muito mal”, lamentou.
Em declarações à Lusa no dia 9 de setembro, o presidente do conselho de administração da AAA, Hugo Hilário, justificou que a criação da empresa implicou a “adaptação” dos tarifários “à realidade“, motivada também por “obrigações legais” da parte da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).
“Os tarifários foram atualizados [e] foram ainda concertados pela primeira vez na história deste distrito. Os 10 municípios têm o mesmo tarifário”, disse.
Hugo Hilário referiu ainda que “não existem” aumentos nas faturas que possam chegar aos 100%, acrescentado que até há casos de alguns municípios onde o tarifário “baixou“.
“Independentemente da atualização dos tarifários, este é o sistema de gestão em baixa onde a água é mais barata, em comparação com todos os outros [naquela região]”, vincou, na altura.