A fabricante chinesa pretende que a fábrica de baterias para veículos elétricos em Sines, no distrito de Setúbal, entre em funcionamento em 2025, segundo adiantou hoje um representante da empresa.
Em declarações à agência Lusa, Nuno Gameiro, que representa em Portugal a China Aviation Lithium Battery Tecnology (CALB), indicou que a diretora executiva da empresa apontou o “final de 2025” como a data prevista para o início da laboração na futura unidade.
A diretora executiva “disse que a fábrica tem de estar aberta em 2025” para que, no ano seguinte, as baterias possam “sair de Sines para a Europa para serem instaladas em vários automóveis europeus, até ao final do primeiro trimestre” de 2026, adiantou.
Nuno Gameiro salientou que aquela que será a primeira fábrica na Europa da CALB vai ser construída em várias fases, sendo que a primeira envolve a construção da unidade industrial em “50 dos 100 hectares” de terreno.
Já a primeira fase do investimento, cujo valor não foi anunciado, “é para acomodar a carteira de encomendas que [a empresa] já tem neste momento” na Europa, avançou.
De acordo com o responsável, numa segunda fase, em 2028, a empresa prevê ampliar as instalações, ocupando a totalidade dos 100 hectares de terreno, o que vai permitir “escalar de 15 para 45 gigawatt-hora (GWh)”.
A CALB, explicou, “vai começar com 15 GWh”, devido à “procura imediata que tem”, mas prevê-se que venha a precisar de “um terreno à volta de 100 hectares”, de modo a “acomodar a procura até 2028”.
“Se tudo estiver a correr bem, haverá uma 3.ª fase para duplicar a fábrica e ficar com uma unidade igual à maior [fábrica] europeia, que é a da Tesla, e, para isso, serão precisos mais 100 hectares. Portanto, vai ser uma fábrica com 200 hectares”, assinalou.
Segundo o responsável, as baterias de lítio que serão produzidas nesta unidade destinam-se exclusivamente ao mercado europeu.
Isto “vai impactar o PIB [Produto Interno Bruto] muito positivamente, porque todas as vendas são exportações. Se tudo correr como esperado esta fábrica, num ano horizonte entre 2028 e 2030, pode representar 4,2% do PIB”, previu.
Num comunicado à bolsa de valores de Hong Kong, a CALB revelou que assinou, na quarta-feira, um memorando de entendimento com uma subsidiária da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
O acordo com a aicep Global Parques, gestora da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), prevê a aquisição de “direitos de superfície, com o objetivo de montar uma fábrica de ponta mundial, altamente inteligente, informatizada e automatizada, com zero emissões de carbono”, disse a empresa.
Segundo a China Automotive Power Battery Industry Innovation Alliance, uma associação industrial, a CALB foi em 2021 a terceira maior fabricante chinesa de baterias para automóveis elétricos.
Presidente da câmara considera uma boa notícia para o concelho
Confirmada esta tarde, esta questão foi levantada esta manhã por Nuno Mascarenhas, presidente da câmara de Sines.
Nas declarações à Lusa, o presidente da câmara revelou que “a fábrica ocupará uma área de cerca de 100 hectares”, mas, como a aicep Global Parques “não tem esses hectares disponíveis”, está a ser feito “um trabalho paralelo” para garantir a instalação desta unidade na Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS).
“Daí estar-se a trabalhar já há alguns meses no sentido de disponibilizar terrenos que estavam a ser geridos por outras entidades dentro do Plano de Urbanização da ZILS, que permitisse essa instalação”, explicou.
Segundo o autarca, o Governo português, a Câmara Municipal de Sines e a aicep Global Parques estão a “fazer um trabalho paralelo” para “passar esses terrenos o mais rapidamente possível para a gestão da aicep Global Parques”.
“A partir do momento em que os terrenos possam passar para a gestão da aicep Global Parques, haverá condições para desenvolver o projeto e assinar os acordos definitivos”, observou.
Para Nuno Mascarenhas, a instalação desta fábrica em Sines será positiva “não apenas a nível de exportação”, mas também porque poderá vir a garantir o fornecimento de baterias de lítio à Autoeuropa, em Palmela.
“Não nos podemos esquecer que temos uma fábrica de automóveis em Portugal, a Autoeuropa, e quem sabe se um dia essas baterias não possam vir a ser usadas nesses mesmos carros” que aí são construídos, sublinhou.