“Muhsilwan”, em Almada, e “Al Maram”, em Santiago do Cacém, são dois dos espetáculos que passam pelo nosso distrito e marcam esta edição de um dos mais respeitados festivais de música árabe e dança oriental.
Os ritmos, sons e vozes da cultura árabe e as danças do oriente chegam ao distrito através de um dos eventos, com realização ininterrupta, mais antigos no país, o Festival de Música Al-Mutamid, que tem espetáculos marcados em Almada e em Santiago do Cacém, ambos a acontecer este sábado.
Às 21h00, o Auditório Fernando Lopes-Graça acolhe “Muhsilwan”, que apresenta a música afro-árabe de países como o Sudão, Marrocos e Guiné-Conarci, acompanhados pela dança oriental. Em palco vão estar Muhammad El Bouzidi (voz e guembri) Wafir Sheik (voz, oud árabe e nay), Aboubakar Syla (voz, ngoni, kora e cabaça) e ainda Rosa Mondaray (dança oriental).
Meia hora mais tarde, no Auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém, arranca “Al Maram” que traz consigo a música e dança do Norte de África e do Oriente, passando por países como Marrocos, Argélia e Iraque. Sobem a palco Hasam Hamoumi (voz, kanum e nay), Mustafa Sabae (voz e percussões), Riad Addou (voz e alaúde árabe) e Sara Morillo (dança oriental).
Música árabe fora do seu mundo há duas décadas
A assinalar este ano à 23a edição, o Festival de Música Al-Mutamid, que nasceu no Algarve, é considerado hoje um projeto consolidado. “Esta iniciativa surge em 2000 e, fundamentalmente, foi criada com o objetivo de recuperar e homenagear a obra de Al-Mutamid, considerado o rei poeta e talvez dos mais magnânimos taifas de Al-Andalus”, explica João Pedro Vieira, diretor artístico do festival em conversa com o nosso jornal.
“Foi muito importante para nós, expandirmos alguns espetáculos do festival a outras cidades, que na altura faziam parte do território governado por este rei. É muito simbólico e reconhecedor da sua obra. Por isso mesmo é que já conseguimos chegar a Santiago do Cacém, Almada e vamos estar pela primeira vez em Leiria, esta ano”, sublinha o diretor artístico, fazendo alusão à importância de promover a riqueza e importância da obra de Al-Mutamid noutros distritos.
Além da consolidação, João Pedro Vieira destaca o reconhecimento internacional que o evento já acolheu. “Estamos a falar talvez do festival mais antigo a realizar-se ininterruptamente no nosso país. Nem na pandemia paramos, porque como os espetáculos decorem entre janeiro e fevereiro conseguimos fintar um pouco isso. Já passaram por este certame mais de 100 projetos e o feedback que temos recebido e que estamos a falar, muito provavelmente, dos festivais mais relevantes de música e cultura árabe fora do mundo árabe”, aponta.
O balanço destes 23 anos é assim considerado positivo. Há cada vez mais público e mais diversidade. “Aquilo que percebemos é que as pessoas esperam sempre com muita curiosidade pela próxima edição. Temos um público de várias origens e culturas, que através do festival acaba por conhecer outros territórios, como Santiago do Cacém e Almada, o que também acaba por ser uma mais valia também para esses concelhos”, sublinha João Pedro Vieira.