Leonor Freitas conquista título “Senhora do Vinho”

A CEO da Casa Dona Ermelinda foi distinguida com um dos mais conceituados galardões do setor vinícola. Diz que vai continuar a trabalhar na empresa, mas que, em breve, passa o testemunho aos filhos.

Leonor Freitas, a CEO da Casa Ermelinda Freitas, foi esta semana distinguida com o prémio “Senhora do Vinho”, uma distinção da revista Grandes Escolhas e que contempla as principais figuras ligadas à produção vinícola. Este galardão surge num momento em que a empresária manifestou a vontade de deixar a gestão da empresa, passando a mesma para a responsabilidade dos filhos. 

“É uma passagem de testemunho. Continuarei na mesma ligada à Casa Ermelinda Freitas, atenta e a trabalhar, mas acho que está cada vez mais próximo o momento de entregar a gestão aos meus filhos, que estão preparados para assumirem o desafio”, disse a empresária ao Semmais sem, no entanto, precisar a data exata da transição.

Sobre o prémio com que foi distinguida, Leonor Freitas afirma sentir-se “muito orgulhosa, porque é o reconhecimento do trabalho de qualidade desenvolvido há muitos anos”. “Entendo que esta é uma distinção importante para mim, mas também para a região de Setúbal, que ganha notoriedade com o trabalho aqui realizado, e para todas as pessoas com quem tenho trabalhado”, acrescentou. 

“Este prémio, que é um dos mais importantes no setor, tem a particularidade de ser atribuído a pessoas que estão em funções há muitos anos. Significa que todo o trabalho empreendido tem sido acompanhado e reconhecido”, adiantou Leonor Freitas, que tomou conta da gestão da empresa aos 38 anos, abandonando a carreira de técnica superior do Serviço Nacional de Saúde, aquando da morte prematura do seu pai.

Casa centenária trabalha cerca de 550 hectares

A Casa Ermelinda Freitas, sediada em Fernando Pó, dedica-se à produção de vinho desde 1920, tendo atualmente cerca de 550 hectares de vinha. De acordo com Leonor Freitas, a empresa produz cerca de 27 milhões de litros de vinho anualmente, sendo que grande parte é exportada para países de todos os continentes. “Temos 210 marcas diferentes, espalhadas pelo mundo inteiro. Isso é significativo. Ilustra a dimensão que a casa atingiu e a implantação dos nossos produtos tanto no país como no estrangeiro”, disse. 

O negócio familiar tem, quase sempre, sido dirigido por mulheres, que ao longo dos anos estenderam a vinha dos 60 hectares originais para os atuais 550. Foi em 2002, já com a adega equipa com tecnologia de ponta, que a Casa Ermelinda Freitas começou a alcançar maior notoriedade nos mercados. Brasil, Angola, Moçambique, China, Japão, Alemanha, Áustria, Suíça, França, Luxemburgo, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Reino Unido e Estados Unidos são os principais importadores. No total consomem cerca de 35 por cento da produção anual.

Com dezenas de prémios recebidos anualmente, seja em certames nacionais ou no estrangeiro, a Casa Ermelinda Freitas é um dos rostos mais visíveis na defesa da casta Castelão. Os tintos, mas também os brancos e o moscatel, são apostas que a empresa tem vindo a fazer. Mais recentemente, numa lógica de expansão comercial, Leonor Freitas lançou-se igualmente na produção de vinho verde, tendo para tal adquirido vinhas no Norte do país.