Desde há muito tempo que valorizo Sines como um exemplo extraordinário de um território onde confluem as valências estratégicas fundamentais para o desenvolvimento económico sustentável do século XXI. Como grande centro de atratividade para industrias e serviços, atrairá também cada vez mais pessoas e terá que estar à altura de fornecer qualificações e serviços públicos e privados conformes às necessidades.
Já pouca gente duvida do potencial e sobretudo da realidade que Sines já hoje constitui como polo económico e social de nova geração. Muitos receiam, com fundamento, que Sines com toda a sua capacidade polarizadora seque de recursos e oportunidades os territórios envolventes e em particular o Alentejo, região em que se insere para efeitos de planeamento e implementação de políticas públicas. Se isso acontecer, a médio prazo será o próprio polo que se asfixiará sobre si mesmo. A dinâmica do eucalipto não interessa a ninguém. Nem mesmo a Sines.
Em contrapartida, com uma boa articulação em rede, Sines pode e deve gerar sinergias com toda a região, com o seu tecido empresarial, com os seus centros de conhecimento, com as suas rotas patrimoniais e com as ofertas económicas e sociais nos mais diversos sectores. Quanto mais o Alentejo se desenvolver, mais e melhor Sines se poderá afirmar na economia nacional, ibérica, europeia e global.
Um dos exemplos paradigmáticos da interação positiva que Sines pode ter com os territórios que o envolvem é a linha de caminho de ferro de alta velocidade entre Sines e Badajoz cuja construção está a seguir a bom ritmo. Há duas pedras de toque para que essa linha sirva o território e não se imite a atravessá-lo. Uma é a construção de estações e plataformas logísticas durante o seu percurso. A outra é a utilização da linha também para transportes de passageiros.
Com a indefinição ainda latente no lado português, foi recentemente conhecido o interesse da RENFE, congénere espanhola da CP, de explorar a ligação de passageiros Badajoz -Évora com o objetivo demais tarde assegurar todo o troço Madrid- Lisboa. Acredito que um desenvolvimento harmonioso e sustentável de Sines acabará por viabilizar também transportes de passageiros como mais um valor acrescentado para o grande conglomerado portuário, energético, digital, industrial e turístico.
O caso dos comboios que não queremos ficar apenas a ver passar é apenas um entre muitos outros. Temos que levar a todo o território o potencial gerado em Sines. Se não forem as empresas portuguesas a terem a visão estratégica de o fazer que venham outras, mais que não seja, para acordar consciências e despertar a concorrência. Sines não pode ser um eucalipto. Sem Mais.