Grândola, Vila Morena

Anunciada que foi – à volta do 6 de Janeiro deste ano, data da inauguração do Memorial a José Afonso, na Praia da Saúde, em Setúbal – de uma outra inauguração, desta feita a 25 de Abril próximo, no Largo José Afonso, a da escultura da autoria do mesmo artista, Ricardo Crista, “Aurora da Liberdade”, uma grandolense antecipava: «Lá estarei de novo, não faltei ao primeiro sábado do ano».

Veio então da terra à capital sadina, e mal eclodiu logo de seguida a acusação de que na nossa Praia se instalara um plágio do monumento a Nelson Mandela, da autoria de Marco Cianfanelli, assinalando outros 50 anos, os da prisão do líder sul-africano, em Howick, a sul de Durban, fez-se de advogado de defesa: «Porque estive lá, bem vi, e venha daí quem me desminta: é a beira-rio, não é preciso sequer pormo-nos em bicos de pé, olhem em frente, que lá ao fundo, bem ao fundo em recorte sublimar, vê-se a Serra de Grândola, está lá a Serra de Grândola»

E continuava: «Se procurarmos à nossa esquerda, estão o porto e as fábricas dos milhares de trabalhadores com a alma do 25 de Abril, e se for para o lado direito, na fluência do Sado, podes pressentir a Cuba do lado de lá do Atlântico, e assim imaginas uma viagem oceânica com “Grândola Vila Morena” a ecoar nos ouvidos dos povos que, contra o fascismo e o colonialismo, lutaram pela independência e soberania, elemento igualmente determinante para a Revolução dos Cravos».

Voltando nós ao princípio, acolhemos a veemência: também melhor sítio não havia, ainda ao fundo da Serra a que podemos chamar Mãe, vemos Mandela.