Do Jogo da Paciência ao Super Mário

Crescia a ver a minha avó jogar à paciência.

Aprendi com ela e utilizo-a (a paciência, não o jogo) em muitas situações da minha vida, sobretudo profissionais.

Também tive um primo, infelizmente falecido que era um craque em Xadrez. Ensinou-me as regras, mas sobretudo a paciência, lá está, de saber esperar, por tecer a teia e atacar no momento certo e, quiçá, o mais inesperado.

Confesso que ainda uso mais essas técnicas do que o do primeiro jogo, que só trouxe à colação, mais pelo nome do que outra coisa e lembrei-me especialmente do mesmo nos últimos tempos.

Luís Montenegro terá de ser um jogador exímio. Começa com uma enorme vantagem – as expectativas sobre ele eram baixíssimas e tem ainda uma outra vantagem – será difícil ser pior do que os dois últimos governos, mas em tudo o resto, Luís Montenegro vai atravessar uma prova de obstáculos, das mais duríssimas de que há memória na política portuguesa.

Um milhão de Portugueses nem quer saber. Votou em quem mente, em quem não tem palavra, em quem apresenta propostas irrealizáveis, mas está feliz assim, porque quer protestar. E como quer protestar, nem lhe interessa nada do resto. Ah … e temos de os respeitar, porque são um milhão de portugueses.

Outro milhão e tal, votou nos outros. No partido que escavacou tudo isto. No partido que nos levou a duas bancarrotas e que se demitiu porque caiu de podre. Apesar disso, teve os atis milhão e tal de votos e temos de respeitar.

Outros, como o BE e o PCP, também têm de ser respeitados, porque tiveram votos, mesmo que tenham contribuído para o estado em que o país está e digam que, tal como o PS e o Chega, não colaboram com o governo.

O Livre e o PAN também estão todos inchados com os seus votos e, mesmo sem saberem qual o programa do governo ou o orçamento, também votam contra.

Em resumo, todos votam contra, porque têm o seu direito. Pergunto e os milhares de pessoas, que por acaso foram as que votaram no partido mais votado (e não estou a contabilizar aquelas que queriam votar e se enganaram o votaram no ADN), essas não contam?

Não têm de ser respeitadas? O episódio da eleição para Presidente da Assembleia da República foi bem elucidativa do que aí vem, mas só se surpreende quem estiver distraído: para eles vale tudo – “Gerinçonças, falta de palavra. Jogos de bastidores, mandar às “malvas” regras instituídas e sempre respeitadas de o PAR ser sempre do partido mais votado e dos 4 vices serem dos restantes quatro partidos. O PSD fez o que lhe competia – cumprir a sua palavra e respeitar o instituído, ainda que informalmente, porque da mesma forma que fui ensinado a jogar à paciência, fui habituado a respeitar as instituições, a palavra e o outro e, nesse aspeto, temos um PM de palavra, finalmente e que apresentou um governo forte, coeso e vai apresentar um programa para recuperar o país e as instituições. Assim o deixam e ele saiba governar, em cima do arame farpado, sob fogo cruzado, num autêntico labirinto (lembram-se do labirinto?), qual “Super Mário” e. estou certo, vai chegar ao último nível, em primeiro lugar.