Tradicionalmente apontados como “eurocéticos”, comunistas e ecologistas da CDU procuraram rebater críticas, colocar a juventude no debate e também desmistificar acusações de aproximações a Moscovo.
Os resultados das últimas eleições legislativas, com o fortalecimento do Chega no distrito, vieram colocar um ponto de interrogação no eleitorado sobre que comportamento iria adotar a CDU (PCP/PEV) nestas eleições europeias num território que outrora era dominado por si.
A verdade é que as forças comunistas e ecologistas não pouparam esforços durante a campanha e João Oliveira, cabeça de lista, foi protagonista em ações de campanha em Setúbal e no Barreiro, contando com o apoio bem próximo de Paulo Raimundo, secretário geral do PCP. “Quando se calhar outras forças esperavam que nós estivéssemos com os pneus em baixo, pelo contrário, nós estamos com os pneus mais cheios agora do que estávamos no início da campanha”, afirmou o cabeça de lista, em declarações aos jornalistas no início de uma arruada no Barreiro, no último dia da campanha.
Após essa arruada, Paulo Raimundo tomou a palavra para defender a sua força partidária, acusada de ser “anti União Europeia” e para responder ao jornal online Político que classificou os dois eurodeputados da CDU como “melhores amigos” de Moscovo, por estes não votarem a favor de nenhuma resolução a condenar a Rússia. “Querem falar de ‘rankings’? Falemos de ‘rankings’: estamos no número um de quem levantou o problema dos salários, das mulheres, o problema da agricultura, das pescas, da habitação (…) e estamos no número de sempre, e continuaremos a estar, na defesa intransigente da paz, da paz e da paz. Ninguém nos calará nesta batalha!”, assegurou o secretário geral.
No domingo, em Setúbal, João Oliveira, naquela que foi a sua primeira passagem pelo distrito, dedicou a intervenção, após uma arruada no centro da cidade sadina, aos jovens e ao futuro na União Europeia. “Nós temos hoje as mesmas condições de vida para os nossos jovens que têm países mais desenvolvidos e as economias mais fortes da UE? (…) Não, não temos, nem na comparação com outros países, nem temos dentro do nosso país, comparando jovens que têm origens sociais e económicas e diferentes”, referiu o candidato. “É esse questionamento que nós precisamos de ver na boca e ação da juventude, para que o caminho da juventude seja o do aprofundamento da democracia, o da construção de um Portugal mais democrático, desenvolvido e soberano, numa Europa de paz, progresso social e cooperação”, disse, acrescentando que a “juventude é a primeira vítima da guerra”.
Nessa manhã, a CDU esteve na Fortaleza de São Filipe, na Arrábida, com o objetivo de observar uma pedreira, o estuário do Sado e uma parte da serra que está preservada, mas as expectativas foram goradas face ao forte nevoeiro. No entanto, Os Verdes não perderam a ocasião e assumiram o protagonismo. A dirigente do PEV Mariana Silva, que integra a lista da CDU para as Europeias como “número quatro”, disse aos jornalistas que o objetivo desta iniciativa era mostrar as consequências que a pedreira está a ter na Serra da Arrábida e destacar a necessidade de priorizar a “defesa da conservação, proteção e restauração da natureza”.
Nas últimas europeias, a CDU foi a quarta força mais votada, obtendo 6,19 por cento dos votos a nível nacional, o que lhe permitiu eleger dois deputados. Relativamente ao distrito, a coligação foi a segunda mais votada, apenas atrás do PS, com 17,14 por cento dos votos.