Sair de Cena

Há quem diga que António Costa saiu por uma simples linha de um comunicado da Procuradoria-Geral da República.

Diria que essa é a versão oficial e a que dá jeito a António Costa, mas todos nós sabemos que António Costa que não saiu de maneira nenhuma, escândalo após escândalo dos seus Ministros, Secretários de Estado, chefes de gabinete e afins que me atreo a dizer que não seria uma simples linha a derrubá-lo.

Aliás, pouco tempo antes, António Costa e o seu Ministro João Galamba, precisavam de afastar um putativo escândalo relacionado com uma indemnização milionária de uma outra Secretária de Estado, de seu nome Alexandra Leitão e resolveram o assunto como? Assumindo responsabilidades? Nada disso – despedindo a CEO que eles próprios tinham ido buscar de uma forma absolutamente grotesca e que custará milhões de euros ao erário público. Mas não será ele a pagar. Seremos nós.

Aliás, isto leva-me onde quero chegar – estava escrito que António Costa se demitiria por aquela altura. Só não se sabia como. Repare-se que o próprio Presidente da República já tinha tido o cuidado e antecipado que não aceitaria que ele saísse para ir para a Europa. Por isso era necessário encontrar um alibi e esse era um alibi perfeito.

Faria mossa num primeiro momento, mas posteriormente até faria dele vítima.

Isto leva-nos a outra discussão. Estaria na hora de o governo acabar? Estava a cair de maduro? Como por exemplo eu preconizava há muito?

Por estranho que pareça, claro que sim. Será estranha esta afirmação, quando estamos perante um governo maioritário e eleito há relativamente pouco tempo, no entanto, não podemos ignorar que era um governo requentado, não renovado, formado por familiares dos governantes e de ex-secretários de estado da geringonça original promovidos a ministros e isso sentia-se no ar.

Claro que o governo cairia de maduro, de “podre” se me permitem, no entanto, António Costa “esperto” como é, pressentiu isso e pressentiu que havia um Lugar uns meses depois que lhe assentava que nem uma luva e saiu. Soube sair. Sem dignidade, é certo, mas como vítima. Ah e como o bom povo português adora vítimas.

Soubesse Ronaldo sair na altura certa e estaríamos todos a lamentar a sua ausência. Como estaremos daqui a um ano, quando ninguém marcar os golos que sempre nos marcou.

De qualquer forma, Ronaldo é vítima de si mesmo, do seu voluntarismo, do seu assumir as responsabilidades, colocando o peso de um País sob os seus ombros, enquanto esse País comodamente apenas o critica. Sim, mas também do seu egoísmo, de querer marcar todos os livres, penaltis e demais situações individuais, mesmo quando fica claro que lhe falta confiança e a pujança de outros tempos.

Soubesse ele gerir e sair a tempo e o nosso ódio colectivo, o nosso maldizer, estaria direccionado para outros. Assim, ele terá de levar com mais esse ónus a juntar a todos os outros.

Da minha parte, apenas um muito obrigado pelas alegrias, por me teres feito sonhar como nenhum outro e lamentar que te tenhas sujeitado a isso.

Biden é outro a quem estou grato. Muito grato por ter desalojado Trump. Qualquer um que o fizesse teria a minha gratidão eterna. Mas devemos a Biden.

Tivesse ele saído a tempo, e estaríamos a lamentar Trump não ter um candidato à altura. Assim, andamos à procura de um.

São assim os homens…