Construir a mobilidade plena que a região merece

A criação da Carris Metropolitana e, subsequentemente, do Passe Navegante, foi uma das maiores metamorfoses operadas no território da península de Setúbal deste século.

Para além das questões da mobilidade, que na sua base visavam desengordurar o trânsito automóvel nas estradas e vias da região e nas ligações à capital e orla da Área Metropolitana de Lisboa, ganharam substância as questões sociais, oferecendo aos cidadãos da península a oportunidade de transitar de forma intermodal a preços acessíveis.

Neste momento, o crescimento de passageiros via Passe Navegante tem sido sustentável, nomeadamente junto dos jovens. Falta, neste caso, um perfil do passageiro que ainda não foi pensado e muito menos operacionalizado.

A montante, não há números disponíveis para que se perceba, de forma clara, se há menos viaturas a circular dentro e fora do território, em concreto, na zona pendular península/Lisboa e vice-versa. Embora, os picos de tráfego, nomeadamente em horas de ponta, nas pontes 25 de Abril e Vasco da Gama, continuem carregados.

Tendo em conta estas premissas, esta medida deveria ser complementada com o resto de um pacote pró-mobilidade que está há muito diagnosticado e até avaliado no concerto dos estudos necessários, rodoviários, ambientais e de planeamento do território, realizados nas últimas décadas e por vários governos.

Neste, como em muitos outros temas, fica sempre um sentimento de oportunidade perdida, com projetos a ficar a meio do caminho. E isso tem sido uma das grandes dores de que padece o desenvolvimento da região.

Com o planeamento estratégico e político concertado pelo anterior e atual governos, de que se destaca o anunciado novo aeroporto às portas de Alcochete, a transformação do Arco Ribeirinho Sul e o inevitável avanço do hospital do Seixal, para além de outras grandes infraestruturas tão reclamadas pela região, é urgente avançar. Desde logo, a Terceira Travessia do Tejo, as projetadas ligações interconcelhias e o reforço da ferrovia.

Só com um plano ambicioso, sustentável, que cubra todas as necessidades, é possível fechar este ciclo, em nome do progresso da região e do distrito de Setúbal.

Não ficar a meio, e deixar de fazer remendos, é o melhor caminho para o desenvolvimento.