Com o orçamento do Estado aprovado na generalidade, as notícias foram ocupadas por dois fenómenos, não completamente dissociados entre si, apesar de nada terem a ver um com o outro e, ambos vindos do exterior, mas que devem merecer toda a nossa atenção.
De que falo? Dois Furacões. O Furacão Dana e o Furacão Trump.
Falemos do primeiro: O que é o fenómeno DANA que causou cheias em Espanha? Ao contrário do que acontece com outras depressões, DANA não é o nome da tempestade, mas sim a sua definição: “depressão isolada em níveis altos” no acrónimo em espanhol DANA, ou em português – DINA (embora seja também chamado de “gota fria”) e acontece quando uma massa de ar polar frio em altitude (entre os 5.000 e os 9.000 metros) se separa do fluxo atmosférico e encontra uma massa de ar tropical quente e húmido à superfície, com um choque de pressões que dá origem a chuvas torrenciais e tempestades como as que foram observadas na região de Valência.
o nome não é inteiramente correcto, uma vez que o conceito apenas se refere às consequências causadas pela depressão, pelo que o termo DANA é mais específico para a situação, como
Num só dia, caíram mais de 400 litros de chuva por metro quadrado em Valência – o dobro do máximo alguma vez registado em Portugal continental. A depressão isolada a níveis altos (DINA, em português) é um fenómeno meteorológico que acontece todos os anos
Bom, apesar de ser um fenómeno anual, este ano foi particularmente violento, por intenso e teve outro factor: O colapso total da Protecção Civil Espanhola que falhou em toda a linha, não só por lançar os alertas tardiamente, como pela resposta à tragédia, agravada, ao que parece, pela guerra regionalista que, de certa forma, atrasou os meios à disposição da população, que culminou com mais de 200 mortos e 2000 desaparecidos.
Mais tarde o governo decretou a zona como “Zona gravemente afetada, argumentando não se tratar de a administração do Estado se substituir à administração regional, mas sim apoiá-la com meios e orientação técnica, é a forma mais rápida de atuar neste momento. Mais tarde haverá tempo para analisar a negligência, haverá tempo para falar da importância dos serviços públicos e do seu reforço perante situações como as que estamos a viver em consequência da emergência climática
Comparemos a realidade com a actuação da Protecção Civil Portuguesa nos últimos eventos e ficaremos bem mais descansados, para além de outra das evidências trazidas à vista de todos, foram as lutas entre governo central e as autonomias, deixando um claro alerta para os defensores dos regionalismos.
E o que o Dana tem a ver com Trump? Para além da forma comportamental deste último, um autêntico furacão, a sua vitória, a todos os níveos notável, deixa claros sinais de preocupação e um deles, tem a ver com os seus compromissos, ou falta deles, com a agenda climatérica mundial.
E o clima tem tudo a ver com o evento Dana. Porque se vai repetir, porque se repete cada vez com mais intensidade e porque urge tomar medidas que, apesar de urgentes, tudo indica que vão ser desaceleradas.
Já a economia, terá um incremento expectável.
Estes novos tempos, obrigarão a Europa a redefinir-se, desde a defesa, às regras aduaneiras, às relações comerciais com os seus parceiros e, quase sou tentado a pensar que este Orçamento de Estado, assim como todos os outros aprovados na União Europeia, vão sofrer uma forte desatualização, na exacta medida das transformações que o Furacão Trump criar.