A maioria das supressões das carreiras fluviais entre Seixal e Lisboa registadas em outubro foram motivadas por problemas com o carregamento das baterias dos navios elétricos, segundo o presidente da câmara do Seixal, Paulo Silva.
A justificação foi adiantada à Lusa por Paulo Silva depois de uma reunião com a administração da Transtejo Soflusa, pedida pelo autarca devido às sucessivas supressões de carreiras na ligação entre o Seixal, no distrito de Setúbal, e o Cais do Sodré, em Lisboa.
Segundo o presidente, no encontro os responsáveis da empresa referiram que durante o mês de outubro houve a supressão de 89 carreiras, sendo que a maioria se deveu a problemas com o carregamento das baterias dos navios elétricos.
Até ao momento, adiantou Paulo Silva, foram entregues cinco navios elétricos “e todos eles têm apresentado problemas com o sistema de carregamento sendo estes a causa das constantes supressões de carreiras”.
Ainda de acordo com o autarca, a presidente do conselho de administração da Transtejo Soflusa assegurou que até ao final do ano o problema ficaria resolvido com a reparação nos sistemas de carregamento e com a estação de carregamento do Cais de Sodré a funcionar.
Paulo Silva referiu também que a administração da Transtejo lhe transmitiu que já avisou o estaleiro construtor que não recebia mais navios enquanto os problemas existentes nos cinco navios não estiverem resolvidos.
Além disso, a empresa prometeu fazer um esforço para melhorar o serviço no Seixal, acrescentou.
Para evitar que sejam sempre os utentes do concelho do Seixal os afetados com as supressões, Paulo Silva adiantou ainda que sugeriu que os barcos do Barreiro pudessem ir ao Seixal para minorar o problema, proposta que a Transtejo ficou de analisar.
“Fiquei com a sensação que todo o projeto dos barcos elétricos não foi devidamente ponderada pela tutela e que se embarcou numa ‘aventura’ de aquisição de barcos elétricos sem se verificar se os mesmos já estavam devidamente testados e a sua eficácia comprovada”, referiu o autarca, lamentando que a “aventura” esteja a prejudicar os utentes do Seixal.
Por outro lado, referiu, o problema é agravado por “os barcos não terem sido comprados com as baterias e sistemas de carregamento incluídos, o que gera agora problemas na compatibilização entre navios, baterias e sistemas de carregamento”.
O autarca assegurou que se as supressões continuarem irá pedir uma reunião ao ministro da tutela.
A agência Lusa questionou a Transtejo Soflusa sobre as supressões verificadas entre o Seixal e Lisboa, sendo que desde o início do mês já se registaram quatro.
Em resposta à Lusa, a Transtejo referiu que a fase experimental da operação regular dos novos navios 100% elétricos começou em 16 de setembro, com a realização de algumas carreiras de acordo com o horário comercial em vigor.
Contudo, dadas as especificidades técnicas da operação elétrica — designadamente, navegação e carregamento dos navios — têm-se registado atrasos em algumas carreiras dos períodos de ponta de alguns dias úteis.
“Com efeito, o facto de ser um projeto pioneiro e inovador, implica a afinação de alguns aspetos, identificados após a entrada em operação dos navios elétricos, que serão rapidamente ultrapassados”, assegurou a Transtejo Soflusa.
Ainda segundo a empresa, os navios da atual frota que continuam a ser utilizados, como alternativa e em caso de necessidade, têm tido algumas avarias inesperadas que, apesar de prontamente reparadas, ocasionaram também perturbações de serviço.
Lamentando os transtornos causados, a TTSL – Transtejo Soflusa, S.A indicou que está a encetar todos os esforços para repor a normalidade da operação com a maior brevidade possível.
A Transtejo Soflusa é responsável pela ligação fluvial entre o Seixal, Montijo, Cacilhas, Barreiro e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, e Lisboa.