Por um mundo novo

A região de Setúbal irá acolher, em Almada, entre os dias 13 e 15 de Dezembro, o XXII Congresso do Partido Comunista Português.

A forma como se realiza um Congresso partidário diz-muito sobre o projeto e a identidade do Partido que o realiza.

Alguém que olhe para a preparação deste Congresso, abstraindo-se de preconceitos e das habituais caricaturas e frases feitas sobre o PCP, verificando como todo o Partido se mobiliza para construir o projeto de resolução política a ser discutido e votado em Congresso, como são eleitos os delegados, como se convidam não militantes a contribuir para a análise da situação política atual e para perspetivar a sua transformação, não deixará de confirmar o carácter profundamente democrático do seu funcionamento.

Num momento de intenso combate ideológico, em que se assiste a uma forte campanha de mentira e calúnia contra o PCP e de silenciamento da sua intervenção, a fase de preparação deste Congresso, bem como a sua realização, demonstram que o PCP não abdica da sua identidade, consolidada em 103 anos de história, um Partido de classe, revolucionário, independente da influência, interesses, ideologia e política das forças do capital, assumindo como objetivo a construção de uma sociedade liberta da exploração e da opressão, e isso, naturalmente, incomoda muito boa gente.

Quando a humanidade enfrenta graves desafios à sua própria existência, quando o capitalismo condena milhões de seres humanos à miséria, à fome, à doença, à guerra e a catástrofes ambientais, quando se agravam desigualdades e injustiças, confirma-se a justeza e atualidade do projeto comunista, a necessidade de colocar um fim à concentração e acumulação de riqueza e construir um mundo de paz, um mundo de gente livre e igual.

Em Portugal, as consequências da política de direita estão bem à vista nos baixos salários, na destruição do aparelho produtivo, na degradação dos serviços públicos ou no empobrecimento de milhares e no obsceno enriquecimento de meia dúzia de já muito ricos.

A realização do XXII Congresso do PCP assume, também pelas circunstâncias em que é realizado, um relevante papel de resistência ao pensamento único, às narrativas do obscurantismo e das inevitabilidades, constitui um momento de reafirmação da confiança da possibilidade de construção de um mundo novo, mais justo e solidário.

Neste Congresso constrói-se a alternativa, combate-se o medo e o ódio e organiza-se aquela “esperança que não fica à espera”.

João Afonso Luz – Jurista