Pedro Nuno Santos mobiliza bastião Socialista num dia em cheio em Setúbal

Na reta final da campanha, Pedro Nuno Santos veio dar força ao bastião socialista de Setúbal. A campanha não arrasta multidões mas que tem chegado a toda a região.

Chegou ligeiro para um dia totalmente dedicado a Setúbal e, acelerado, quase mergulhou no Livramento, o mercado que é já passagem obrigatória em campanhas eleitorais. Não havia muita gente, mas as suficientes para que o líder socialista distribuísse cumprimentos e abraços, alguns beijos e rosas vermelhas, ouvisse lamurias e apoios expressos. “Estive 28 anos na Alemanha e sempre votei PS… e a minha mulher também”, lembrava um entusiasta.

Seguindo o ritmo de quatro bombos e da algazarra dos ‘jotas’ que entoavam as senhas “o povo vai votar, o PS vai ganhar” e, entre outras, “Pedro amigo, Setúbal está contigo”, a arruada no mercado cumpriu o acolhimento esperado, não sem um ou outro encontro com votantes em outros partido. “Eu sempre votei CDU”, disse, em riste, Luís Cruz, um comerciante sadino. Ficaram os sorrisos e o abraço da praxe. Outros lembraram queixas ainda do tempo de Passos Coelho e visaram Montenegro, mais em surdina, apoios ao Chega. “Temos que dar esperança ao povo, as pessoas estão zangadas e o voto no Chega não resolve problema nenhum, falam alto, berram muito, mas não têm soluções”, disse Pedro Nuno Santos aos jornalistas.

Depois os pensionistas e reformados, com o líder socialista a afiançar aumentos “ao contrário da AD que prefere aplicar uns bónus quando dá jeito”, como referiu. E a confiança a subir: “Sentimos que vamos ganhar, porque as pessoas perderam a confiança no primeiro ministro, que não tem uma relação de transparência com a vida política e, sobretudo, porque liderou um Governo incompetente, que deixou a saúde pior do que estava, habitação mais cara e a economia a cair”, atirou. E retomou o papão liberal: “Se houver aliança com a IL teremos mesmo uma mistura explosiva para o estado social”.

De banca em banca, provou uma ostra do Sado e bebeu um ginginha, quedando-se aos que se aproximavam para desejar boa sorte. “É simpático, não é como diziam”, comentava um popular. Mas irritou-se, e muito, quando abordado pela candidata do ADN, Joana Amaral Dias, que o confrontou com antigos subsídios do Parlamento para deslocações entre São João da Madeira, onde residia, e Lisboa. Primeiro tentou furtar-se ao diálogo, atirando “Comigo esse número não resulta”, mas perante a insistência provocatória da adversária não se conteve: “Seja séria, tenha vergonha, não minta”.

À parte desse incidente, Pedro Nuno Santos, sempre acompanhado pelo cabeça de lista, António Mendes, e pelo presidente da federação, André Pinotes Batista, gabou “o bom acolhimento”. Aos jornalistas afirmou mesmo que “a campanha tem vindo num crescendo e que a recetividade tem sido superior” à das últimas eleições. “Ainda há pouco uma senhora disse-me que não tinha votado em nós, mas vai votar desta vez no PS porque quer derrotar a AD”, frisou. Joaquim Claudino, um vendedor de fruta fresca e cristalizada, não concorda que a passagem do PS pelo mercado sadino tivesse sido maior, mas declarou apoio: “Toda a família é PS e desejei-lhe boa sorte, porque tenho grande simpatia por ele e sei que vai ser um bom primeiro ministro”.

Distrito “pode confiar no PS, não vamos falhar”

Contra as perceções, Pedro Nuno também quer aproveitar os últimos dias para mobilizar o eleitorado. “Temos sido sempre subestimados nas sondagens, já as derrotamos outras vezes e vamos fazê-lo de novo”, disse. E, piscando o olho ao eleitorado de esquerda, acrescentou: “Podem olhar para o PS como um partido progressista, que faz avançar o país, e por isso, não se pode desperdiçar votos”. Lembrou os falhanços do Governo, nomeadamente o desencanto dos jovens com as políticas de habitação: “As medidas da AD serviram uma minoria na compra de casa, mas a maioria ficou mais longe de o poder fazer. Acabaram com o apoio às propinas e agora demoram sete meses a responder no Porta 65”.

Não esqueceu a população do distrito “muito penalizada” pelo atual Governo, a começar pelos problemas de saúde na península. “A AD não tem sensibilidade para lidar com esta população de trabalho e defensora do estado social. Mas podem confiar no PS, não vamos falhar”, afirmou.

Num dia corrido, o almoço, na Caparica, juntou as figuras gradas da região, nomeadamente alguns presidentes de câmara. Foi o balão de ensaio para a arruada da tarde, de novo em Setúbal, seguida de comício, que decorria à hora de fecho desta edição. Chegou a pé, tendo sido ‘engolido’ pela forte mobilização das hostes socialistas, que invadiu as ruelas junto ao Largo da Misericórdia e Praça do Bocage. Ainda bebeu um moscatel na ‘Pastelaria Capri’ e surpreendeu-se com uma loja de artesanato, cujo proprietário constrói barcos em miniatura a preços elevados, cerca de 3000 a 4000 mil euros. “Temos que levar um destes para São Bento, mas tem que ser oferta…”, deixou sair.

Animados com “um dia em cheio” e com a “boa recetividade” da rua à campanha do PS, os socialistas vão hoje queimar os últimos cartuchos como o têm feito: “Junto das pessoas e em cada concelho”, porque para manter o bastião é preciso segurar mandatos.