PASSADO este período de campanha eleitoral, realizam-se no próximo dia 26 as eleições que vão ditar a representação de Portugal no Parlamento Europeu. E que, apesar de uma campanha pouco esclarecedora das virtudes do projeto europeu e dos benefícios de integrarmos a EU, reputamos de muito importantes.
Num período de necessária reflexão, não podemos deixar-nos toldar pelas evidências de algum fracasso numa política europeia onde tem faltado liderança e tem havido sinais de se afastar dos objetivos principais, que levaram à criação da CEE, numa fase inicial, e que evoluiu para a atual União Europeia, onde a maior parte dos seus países faz parte da Moeda Única.
Comummente é mais fácil deixarmos convencer das insuficiências ou dos desvios do projeto europeu, ou até mesmo da necessidade de o defender, recorrendo a ideias de protecionismo, de criação de barreiras à imigração, de alertas para os perigos da perversão da nossa cultura. E porque não, também, do funcionamento duma Europa a duas velocidades, de países pobres e ricos, da falta de independência e autonomia na tomada de decisões, etc.
Mas, fundamentalmente, este é o tempo de recorrer à memória e folhear a história. A da Europa e, em particular, a do nosso país. Uma Europa que, através dos séculos sempre se viu envolvida em guerras (e desde logo esse bem essencial da paz conquistada nos últimos 60 anos); construída por barreiras que impediam a circulação de pessoas e bens; desconfiada e defensiva nas transações e na troca de conhecimento entre países; limitada na sua afirmação perante o mundo. Um Portugal “orgulhosamente só”, subdesenvolvido, limitativo e atrasado no acesso à educação, rural, atávico, carente nos cuidados de saúde, etc.
Por tudo isso devemos continuar a acreditar numa Europa inclusiva, solidária, promotora da igualdade, do progresso, do desenvolvimento, do bem-estar, do conhecimento e da ciência. Não podemos querer uma Europa divida, com barreiras à circulação de pessoas e bens, xenófoba, desconfiada e envelhecida. Temos que rejeitar esta onda crescente de reacionarismo e de deriva para a direita, que se avoluma por toda a europa.
Mais que um dever cívico, votar no próximo domingo deve radicar numa consciência profunda de que devemos acreditar na EU como melhor modelo para o nosso futuro e dos nossos filhos.
E ao fazermos essa escolha, não devemos deixar-nos levar pelo contentamento fortuito de um voto de protesto, antes sabendo qual o partido que mais se identifica com o ideal europeu e mais tem feito pela integração de Portugal na Europa.
Eleições Europeias 2019
A verdade das coisas simples