O património arqueológico de várias épocas, localizado junto aos Paços do Concelho, pode vir a ser exposto em simultâneo.
A Câmara Municipal de Beja vai apresentar, esta sexta-feira, no Centro Unesco, o projeto que tem para o Fórum Romano. Trata-se do maior edifício do género que já foi descoberto em Portugal, e também um dos maiores da Península Ibérica, mas que está há vários anos quase ao abandono, tendo vindo a acentuar-se a sua degradação o que, de acordo com alguns dos arqueólogos que ali trabalharam, já conduziu à perda de diversa informação científica.
O Fórum Romano de Beja é um vestígio arqueológico que foi procurado pelas comunidades científicas ao longo de cerca de quatro séculos. As peritagens e escavações sucederam-se e foram sendo coligidas pistas que o localizavam no centro da cidade até que, em 2008, a arqueóloga portuguesa Maria Conceição Lopes o redescobriu a cerca de 100 metros dos atuais Paços do Concelho. O templo ali descoberto é, por exemplo, maior que o congénere de Évora e remonta ao século I d.C.
Ao longo dos anos, apesar de se ter falado que o local poderia via a ter diversos aproveitamentos, nunca foi dado qualquer passo significativo para a sua recuperação e preservação. Vedou-se o acesso mas, ao mesmo tempo, descurou-se a limpeza, ao ponto de o local, que terá mais de um hectare de extensão, ter ficado infestado de plantas.
Junto ao Fórum, apenas distante um metro, funciona também um edifício datado do século VII a.C. Esse edifício, que os arqueólogos dizem ter funcionado em simultâneo com os vestígios romanos (provando-se assim a coexistência simultânea de dois tipos de culturas numa mesma cidade), recebeu obras de restauro e até um subsídio de 2,2 milhões de euros. Em tempos aventou-se a hipótese de ali ser instalado o Centro de Arqueologia e Artes de Beja, o qual iria recolher o espólio recuperado na cidade alentejana, assim como um conjunto de esculturas de Jorge Vieira.
Entretanto, nas estruturas do edifício da Idade do Ferro foi descoberta, em 2012, a chamada Casa da Moeda. Trata-se de uma oficina com forja, provavelmente de 1525 (reinado de D. João III) onde foram encontrados vários quilos de ceitis (moedas de cobre utilizadas na época).
Embora a Câmara Municipal de Beja não tenha ainda revelado qualquer pormenor acerca do destino que pretende dar ao local, a comunidade local pensa que o futuro projeto passa pela valorização de todos os vestígios arqueológicos já postos a descoberto, esperando-se que o espaço possa, finalmente, ser facultado aos grupos de excursionistas que têm tentado, sem sucesso, visitar o local.
Na sexta-feira, para além do presidente da Câmara de Beja, Paulo Arsénio, estarão também presentes o arquiteto Victor Mestre e a diretora Regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira.