Os incêndios florestais não são uma praga na região, ao contrário do que acontece no Norte e Centro do país ou nas serras que separam o Alentejo do Algarve.
Setúbal não é um distrito de incendiários que, de resto, tem pouca visibilidade nos meandros da Justiça local. O Relatório Anual de Segurança Interna de 2018 (o último disponível) refere que nesse ano a região recebeu apenas 339 participações relacionadas com esse tipo de delito, não especificando quantas pessoas acabaram por ir a tribunal e, muito menos, quantas foram condenadas. Um ano antes o mesmo documento referia a existência de 506 participações.
O Semmais falou com alguns responsáveis dos diversos corpos policiais, os quais não conseguiram adiantar quantas pessoas existem no distrito relacionadas com esse tipo de criminalidade. Existe, contudo, um perfil psicológico traçado por especialistas da Polícia Judiciária. Esse perfil refere, independentemente da zona do país onde o crime é cometido, que o incendiário tem quase sempre problemas de alcoolismo ou outros de carácter mental.
“Nas cadeias os incendiários não dão nas vistas. Não levantam problemas e fazem tudo aquilo que lhes mandam fazer. Não porque o desejem, mas porque são, na sua maioria, pessoas muitos simples. São, quase sempre, os alcoólicos ou os tolinhos das aldeias”, disse ao nosso jornal uma fonte judicial que pediu o anonimato.
Sem ser possível quantificar o número de incendiários detidos por crimes cometidos no distrito, importa ainda dizer que alguns deles acabam por ser condenados por outros crimes cuja moldura penal é inferior, como por exemplo o crime de destruição de propriedade alheia. “São esquemas, legais, dos advogados”, acrescentou fonte policial.
“Recuperação? Acompanhamento? Isso são teorias. Dizem que sim, que há programas especiais para os autores desses e de outros crimes. Mas será que são cumpridos? Não tenho conhecimento de tal”, referiu outro dos agentes contactados.