O processo de venda da Quinta do Braamcamp, no Barreiro, está novamente suspenso devido a uma declaração de ineficácia, no âmbito de uma providência cautelar aceite pelo Tribunal de Almada.
“Face à decisão do tribunal, a abertura de propostas está suspensa, assim como a decisão do júri”, anunciou a Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos, em comunicado.
O movimento de cidadãos já tinha interposto uma providência cautelar para impedir a venda do imóvel histórico, com 21 hectares, na zona ribeirinha do Barreiro, no distrito de Setúbal, o que foi aceite em abril pelo Tribunal Administrativo e Fiscal de Almada.
A Câmara do Barreiro apresentou então uma resolução fundamentada para poder abrir as propostas de compra, com a justificação de que “a não-persecução do ato prejudicaria não só o projeto, mas também aquilo que é o interesse público”.
No entanto, para a plataforma, o documento apresentado pela autarquia “não tem qualquer base legal”, o que motivou a entrega do pedido de ineficácia dos atos, que foi aceite pelo tribunal.
“A resolução assentava em pressupostos que não são verdadeiros e procurava justificar a venda da Quinta do Braamcamp com a situação financeira provocada pela Covid-19”, defendeu.
Além disso, a plataforma apontou que “o usufruto público prometido de 95% da quinta não é verdadeiro”, tendo em conta um “vídeo de propaganda” apresentado pelo executivo municipal.
Segundo a autarquia, o projeto de requalificação “obriga os compradores a cumprirem o que está previsto para a zona”, em que 95% serão ocupados por zonas desportivas e espaços verdes, sendo que apenas “5% serão destinados à construção de habitação”.
“A Plataforma Cidadã Braamcamp é de Todos considera que o Barreiro merece um processo sério, conduzido de forma transparente, para a reabilitação da Quinta do Braamcamp, sem malabarismos oportunistas”, frisou.
Neste sentido, os cidadãos indicaram que querem contribuir para “reabilitar os edifícios de forma sustentável, renaturalizar espaços significativos da quinta, harmonizando o usufruto daquele espaço com o impacto das alterações climáticas e com a vida natural de fauna e flora”.
Em 17 de abril, a câmara do Barreiro adiantou que recebeu duas propostas “acima de cinco milhões de euros” das empresas Calatrava Grace e Saint Germain para a alienação do imóvel.
A venda do terreno foi anunciada no início de 2019 pelo município, justificando que os 21 hectares na zona ribeirinha se encontravam sem utilização e que não se sabia quando haveria verbas para o requalificar.