A deputada eleita pelo círculo de Setúbal nas listas do PAN – Pessoas Animais e Natureza desvinculou-se do partido alegando que já não se revê na forma de atuar da direção. Cristina Rodrigues mantém-se no Parlamento como deputada não inscrita.
Cristina Rodrigues, eleita nas últimas legislativas, deixou o partido alegando que a sua linha de atuação tem “primado por um afastamento face a princípios estruturais do PAN” ao mesmo tempo que acusa a direção de a tenta silenciar. “Fui sentindo cada vez mais a minha voz silenciada e a minha capacidade de trabalho condicionada, o que culminou com o meu recente afastamento da Comissão Política Permanente do PAN, feito à minha revelia e sem aviso prévio”, escreve em nota enviada às redações.
A deputada diz que abandona o partido “de coração extremamente apertado”, mas que a decisão não poderia ser adiada sob pena de agravar ainda mais as divergências existente. “Já́ não consigo lidar com a forma como o PAN tem sido orientado e não vislumbro que seja possível inverter esse rumo através dos atuais mecanismos internos”, acusa a eleita que vai manter-se no Parlamento como deputada não inscrita. Cristina Rodrigues considera que é possível “fazer a diferença com o meu trabalho e a minha dedicação, a partir de agora orientados exclusivamente pelos princípios e valores que me trouxeram à causa publica e ao desafio Parlamentar”, assegurando aos eleitores do distrito que vai manter-se atenta às questões importantes como “o aeroporto do Montijo, as dragagens no Sado, a pavimentação na Fonte da Telha, os sistemáticos danos à Serra da Arrábida, a situação preocupante em que se encontram as unidades de saúde, os problemas do serviço de transportes públicos e aos maus-tratos a animais”.
Apesar de, na nota enviada, Cristina Rodrigues apresentar total disponibilidade para os jornalistas, a verdade é que a deputada manteve sempre o seu telemóvel desligado ao longo das últimas horas. No documento, a deputada pedia que, por agora, lhe dessem “espaço e tempo para gerir esta nova fase que agora início”.
André Silva diz que partido foi usado como ‘trampolim’
André Silva, o primeiro deputado eleito pelo PAN, em 2015, e atual porta-voz do partido foi duro nas críticas à saída da eleita por Setúbal. Confrontado pelos jornalistas com os vários abandonos tanto na Assembleia da República como no Parlamento Europeu e até nas autarquias, André Pinto acusou os eleitos que agora se desvincularam de aproveitamento e de priorizarem interesses pessoais.
“Não deixa de ser curioso que Cristina Rodrigues e o eurodeputado que recentemente saíram do partido não abandonaram os seus cargos políticos remunerados”, apontou André Silva que disse também que a desfiliação da deputada setubalense “mais não é do que a antecipação de um inevitável processo de retirada de confiança política do partido”.