Sines atribui declaração de “relevante interesse municipal” a cabo submarino

O município de Sines atribuiu ao projeto do cabo submarino, do consórcio Ellalink, que vai ligar Sines a Fortaleza, no Brasil, a declaração de “relevante interesse municipal”.

A declaração, aprovada pela câmara e pela assembleia municipal, reforça a expectativa “de que este projeto contribua significativamente para a diversificação da economia local”, explicou o presidente da autarquia Sines, Nuno Mascarenhas.

“Pretendemos dar relevância ao projeto, uma vez que estamos a falar de um investimento de um cabo submarino que vai ligar Fortaleza, no Brasil, a Sines, que é o primeiro território europeu que o cabo vai encontrar, estando abertas um conjunto de expectativas que poderão ser concretizadas”, avançou.

Com a declaração de “relevante interesse municipal”, o projeto “passa a ter um tratamento preferencial uma vez que esta é a primeira parte de um processo administrativo complexo, que vai permitir que outras entidades públicas atribuam declarações de interesse” a este investimento, indicou o autarca.

“Para ter declarações de interesse de outras entidades públicas era necessária esta declaração de interesse municipal, já concretizada, e agora há todo um outro processo que vai ter continuidade”, acrescentou.

Segundo Nuno Mascarenhas, “já foi criada uma zona de acolhimento (Sines TECH), especialmente para este tipo de empresas, de base tecnológica, no parque de inovação, da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS)”, a cargo da aicep Global Parques. “Há muito tempo que tínhamos a expectativa de criar em Sines um parque tecnológico vocacionado para a inovação e para potenciar a criação de um novo hub digital sendo esta uma oportunidade única não só para Sines como para o Litoral Alentejano e a região do Alentejo”, sublinhou.

O cabo submarino da EllaLink, um investimento de 170 milhões de euros com uma extensão de 10.119 quilómetros, começa em Fortaleza, no Brasil, atravessa o Atlântico e entra na Europa, por Sines, e oferece uma capacidade de transmissão de dados de 72 terabits por segundo, com baixa latência.

“É um projeto de grande interesse e que visa também dar resposta àquilo que será o futuro. Uma vez que temos consciência que as unidades industriais ligadas às energias fósseis, como a Central Termoelétrica, vão ser encerradas, impunha-se encontrar soluções alternativas de forma a atrair mais empresas para o concelho e criar emprego”, frisou.

Ainda de acordo com o autarca, “(o projeto) vai permitir fixar um conjunto de investimentos ligados à economia digital no concelho” de Sines.

“Há negociações com empresas estrangeiras no sentido de virem a localizar-se nesta zona digital criada pela aicep Global Parques. As expectativas são enormes e diria que, se algum destes projetos se vier a concretizar, temos aqui um grande salto em termos de inovação e de economia para a região”, adiantou sem querer revelar mais pormenores.

A instalação do cabo faz ainda parte do projeto Bella (Building the Europe Link to Latin America), que agrega as redes de ciência europeia (GÉANT) e sul-americana (Rede Clara) e visa disponibilizar conectividade a instituições de ensino e centros de pesquisa científica entre a Europa e a América Latina.

De acordo com a programação da EllaLink, a primeira transmissão de dados do cabo submarino está prevista para final de 2020.