Setúbal “Cidade do Conhecimento” pode chegar aos 1000 milhões de investimento

Os estudos estão em marcha e os investidores a postos. Dentro de quatro a cinco anos a cidade pode ter uma nova centralidade, com tecnologias de ponta e onde o ambiente, a habitação e o trabalho se casam com o progresso.

Chama-se “Cidade do Conhecimento” e pode vir a ser, dentro de quatro a cinco anos, o novo centro de Setúbal. Para já não passa de um imenso projeto que está a ser debatido entre o promotor, o Pitroda Group LLC, e a Câmara Municipal de Setúbal. No futuro todo o Vale da Rosa, numa extensão que pode chegar aos 180 hectares, pode ter-se transformado numa urbe onde prevalecerão as mais modernas tecnologias, incluindo as de comunicações, onde, por exemplo, uma faculdade irá coabitar com um hospital e as áreas residenciais e industriais estarão em plena comunhão com os espaços verdes. Um investimento que, a concretizar-se, pode chegar aos 1000 milhões de euros.

“Não será um guetto, uma área destinada a uma determinada elite apenas porque terá infraestruturas da mais alta qualidade, serviços de excelência e áreas estudadas ao pormenor. Nós (os promotores) não somos patos bravos. Isto não é um negócio imobiliário”, disse ao Semmais o representante do Pitodra Group LLC (grupo indiano especializado, sobretudo, nos mais avançados meios de telecomunicações e que é propriedade de Sam Pitodra, filho de um antigo amigo e conselheiro de Ghandi), Gustavo Miedzir.

“O que queremos construir é um local onde pessoas e empresas possam viver e trabalhar em conjunto. Não se trata de vender tijolo nem de construir somente mais um parque industrial, mas de criar uma economia avançada. Uma plataforma que irá juntar diversos clusters de um determinado setor”, adiantou a mesma fonte.

 

 

Câmara de Setúbal aguarda plano estratégico e masterplan

A escolha de Setúbal para se tornar na “Cidade do Conhecimento” não ocorreu apenas porque as autoridades locais e os promotores se mostraram interessados. Gustavo Miedzir diz que o grupo que integra tem em conta uma série de fatores fundamentais e que passam, sobretudo, pela existência de “uma vontade política” e, evidentemente, pela disponibilidade de investimento de grandes fundos mundiais.

“Neste momento já temos vários grupos de grande dimensão financeira, que operam em todo o mundo, disponíveis para integrarem este projeto. No entanto, é preciso que, em primeiro lugar, se consolide o plano estratégico traçado”, adianta o representante do Pitroda Group LLC.

Quem explica essa “consolidação” é o consultor da Câmara Municipal de Setúbal para o projeto, Fernando Travassos. “É um desafio imenso em que acreditamos, até porque o promotor tem um conjunto de trabalhos desenvolvidos na ciência e tecnologia que nos dão expectativas mas, no qual só iremos tomar parte ativa quando chegar o momento de se começar a executar o plano de pormenor. Até lá é preciso que o promotor cumpra o plano estratégico e o masterplan. Ou seja: a edilidade tem primeiro de ter certezas sobre a forma como a cidade se vai relacionar com o que é proposto e depois, numa segunda fase, precisamos de saber quem são os investidores âncora. Precisamos conhecer a viabilidade económica de modo a que fiquemos com garantias acerca da sustentabilidade do projeto”, disse ao nosso jornal.

Essa segurança que a autarquia quer ter para viabilizar a nova cidade passa, para já, pelas parcerias que possam ser celebradas com diversas instituições, sejam elas ligadas à banca, ao mundo industrial, ao ensino superior ou outras. Para já, Sam Pitodra já fez saber que pretende implementar no projeto as melhores e mais avançadas técnicas de comunicação e de transportes. O relacionamento das valências a trazer para Setúbal com as entidades já existentes também estão a ser estudadas, sendo o relacionamento com o Instituto Politécnico um dos exemplos.

“Não queremos que a Cidade do Conhecimento seja uma ilha isolada do resto da cidade. É preciso haver articulação com o ensino, com as universidades”, diz Fernando Travassos, seguindo a linha de pensamento expressa por Gustavo Miedzir.

 

Caixa

Plano de arquitetura arrancam em 2021

O representante do Pitodra Group acredita que no início do próximo ano seja possível começar a executar os planos de arquitetura da “Cidade do Conhecimento”. “Está tudo a decorrer a um ritmo super rápido, uma vez que os primeiros contactos que fizemos com a câmara aconteceram em dezembro de 2019 e o protocolo de colaboração foi estabelecido em fevereiro”, afirma.

Insistindo que se trata de um projeto de alto nível internacional e autossustentável, Gustavo Miedzir sublinha o compromisso de o novo espaço respeitar o ambiente e de aproveitar o que de melhor a cidade e o espaço envolvente já possuem. “Estamos a trabalhar numa nova centralidade, mas isso não significa que iremos descurar o que existe. É impensável, em Setúbal, não trabalhar com base na economia do mar”, adiantou.