Diminuiu no Alentejo o habitat para aves ameaçadas de extinção

Novas culturas e utilização de herbicidas e pesticidas estão a colocar em causa a subsistência de diversas espécies. Redução foi de 35 mil hectares.

O habitat de algumas das aves mais ameaçadas na Península Ibérica, nomeadamente no Alentejo e em regiões fronteiriças espanholas, sofreu, nos últimos dez anos, uma redução de cerca de 35 mil hectares. Tal facto pode colocar em causa a sobrevivência de algumas espécies.

O alerta, divulgado pela National Geographic, faz parte das conclusões de um estudo elaborado por peritos das Universidades de Lisboa, Porto e East Anglia (Inglaterra). O estudo teve por base, nos últimos dez anos, as estepes agrícolas alentejanas que integram a Rede Natura 2000.

As Zonas de Proteção Especial portuguesas que foram analisadas situam-se no Alentejo, nomeadamente em Campo Maior, Moura/Mourão/Barrancos, Castro Verde e Vale do Guadiana. Entre as espécias ameaçadas aí residentes encontram-se a abetarda, o sisão e o francelho.

O estudo sugere que as perdas destas estepes agrícolas devem-se ao facto destas áreas serem economicamente pouco rentáveis, mesmo com os incentivos agroambientais concedidos no âmbito da Rede Natura 2000. Já a conversão da utilização dos terrenos, (tradicionalmente utilizados para cultivo de cereais de sequeiro e pastagens extensivas), para outras culturas agrícolas de maior intensidade, tais como os olivais, vinhas ou culturas de irrigação intensiva, é um dos fatores para a perda das estepes agrícolas, que podia acolher mais de 500 abetardas.

As novas culturas, com vegetação bastante diferente da desejável para a manutenção das espécies avícolas, são tratadas com herbicidas e inseticidas que acabam por prejudicar a alimentação dos animais.