Distrito regista menos 57 por cento de ocorrências nos incêndios rurais

São menos fogos, menos área ardida e uma quebra nas ocorrências superior a 50%, face à média registada na última década. É este o retrato dos incêndios rurais no distrito de Setúbal, até ao último dia de agosto.

Segundo os dados disponíveis e avançados ao Semmais pelo Comando Distrital de Operações de Socorro de Setúbal, entre o primeiro dia do ano e o final de agosto, registaram-se 255 incêndios rurais, dos quais resultaram 114 hectares de área ardida.

Números que revelam uma quebra de 57% no que toca às ocorrências que mobilizaram as corporações do distrito, face à média nos últimos dez anos. E uma redução significativa no que respeita a área ardida, que, até à passada segunda-feira, foi menos 85% que a registada como média desde 2010.

Para Elísio Oliveira, comandante Distrital da Proteção Civil de Setúbal, as razões são claras. “Os números revelam o enorme trabalho realizado por todos. Coordenação, corporações de bombeiros, meios e autarquias, sem nunca esquecer, o papel determinante desempenhado pelos cidadãos, principal fonte de alerta”, para a rápida mobilização e disponibilização dos meios de combate.

Contudo, os dados acabam por refletir o muito que ainda pode ser evitado em matéria de incêndios e da sua origem. Segundo a mesma fonte, mais de 50% dos fogos registados nesta época têm origem na realização de queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (27%) e no uso do fogo (27%), ou seja, a utilização inadequada de lume.

Julho foi o mês mais “intenso” em matéria de incêndios, “com um acréscimo de 37%”, apesar de junho “ter sido aquele em que se registou uma maior subida nas ocorrências, nomeadamente 67%, face a igual período médio da última década, sublinha Elísio Oliveira. Mesmo assim, explica o mesmo responsável ao Semmais é “de salientar que, da maioria dos incêndios rurais registados no distrito, cerca de 90% consumiram áreas não superiores a um hectare. Apenas uma ocorrência atingiu uma área superior a 20 hectares”.

 

Corporações aptas a combater as chamas e o contágio por Covid-19

O Centro Distrital da Proteção Civil de Setúbal, garante o comandante, dispõe de “todas as condições e meios técnicos e humanos” para dar resposta a qualquer emergência e, mesmo em tempos de pandemia, “não se verificou um único caso em que a auxílio tenha sido afetado”. “Em momento algum, existiram solicitações em que a resposta das corporações tenha sido comprometida pelo facto de estarmos a atravessar a atual situação que deixa o país de estado de contingência”, disse.

Facto que mereceu nota de relevo nas palavras do comandante Elísio Oliveira, que avança ainda a “inexistência de um único caso positivo de Covid-19 entre os bombeiros do distrito de Setúbal”, algo que, continua, revela “a nobreza do espirito de missão em tentar cumprir todos os planos e recomendações avançadas pelas autoridades de saúde, no sentido de não faltar a quem precisa, quando precisa. É este o sentimento dominante”, entre os soldados da paz.

Nesta altura e ainda com todos os planos de contingência ativos por todo o distrito, “e assim se irão manter enquanto necessários”, afirma Elísio, “os resultados (quanto a incêndios) não nos permitem descansar. Antes pelo contrário. Temos de continuar alerta e vigilantes para que o atual quadro não seja profundamente alterado”.

Os dados avançados ao Semmais revelam, em matéria de incêndios rurais, um ano até agora atípico, em comparação com o cenário registado na última década. Continuar o trabalho até agora realizado, sem permitir falhas no plano definido para o combate aos incêndios, é o foco das centenas de operacionais envolvidos na tarefa.