Decisão do TAD adiada e demissão da direção mantêm-se num impasse

O Tribunal Administrativo do Desporto protelou a decisão sobre o processo que envolve o Vitória alegando a necessidade de ouvir os contrainteressados. O adiamento mantém a instabilidade no clube que continua sem saber se vai ou não poder inscrever jogadores e manter-se na I Liga ou se terá mesmo de jogar o Campeonato Nacional de Seniores.

Paulo Gomes, em comunicado vídeo publicado na página do clube, reafirma que até agora “ninguém disse que o Vitória não tinha razão! Foram protelando!” ou porque não sabiam ou porque não tinham competências para tal.

O presidente do clube acusa, uma vez mais, a Liga de Clubes de ter lutado “para tirar o Vitória da 1ª divisão” e desafiou os organismos competentes a ver os processos dos outros clubes para saber se está tudo em conformidade. “A fava saiu ao Vitória? Não! Se isto estava tudo premeditado? Não nos restam dúvidas!” são as palavras do dirigente que clarificou a existência da carta de renúncia entregue ao presidente da mesa da Assembleia Geral.

Paulo Gomes recusa-se a falar em demissão ou abandono do clube. Assume que o projeto que tinha para o Vitória não venceu e que a queda abrupta do clube para a 3ª Divisão alterou todos os pressupostos. “Para continuar teríamos de ser legitimados pelos sócios”, explica ao mesmo tempo que assume que vão sempre existir sócios a criticar as decisões tomadas pela direção. “Se saíssemos era porque estávamos a fugir e era um ato de cobardia. Se ficarmos é porque estamos agarrados ao lugar. Há sócios que não entendem a real dimensão do problema e acham que este se resolve com a cabeça do presidente”.

Paulo Gomes admite que há vencimentos em atraso, apesar de não esclarecer quais e quantos meses, mas garante “que fique vem claro que o presidente do Vitória recebeu zero euros do clube” desde que assumiu a sua liderança. O dirigente fez as contas e voltou a referir que a balança financeira do clube é altamente desequilibrada com “uma despesa que é o dobro da receita conseguida”. As receitas existentes não são suficientes para suportar a estrutura existente e o encerramento da sala de Bingo tornou a situação financeira ainda mais complicada. Atualmente, o Vitória tem cerca de 60 funcionários cujos vencimentos consomem o valor da quotização. Trinta desses funcionários pertencem ao bingo que gerava uma receita média anual de dois a três milhões de euros. Sem esse valor e sem os quatro milhões provenientes dos direitos televisivos dos jogos da Liga, o clube não terá viabilidade económica já que as despesas médias rondam os 8,5 milhões de euros.

Na comunicação feita, o presidente do Vitória defende que a “insolvência da SAD não deve ser o caminho” e pede aos sócios que se unam em torno do que é essencial, “em prol da causa que é o Vitória porque quanto mais forte estiver o clube mais depressa voltaremos ao lugar que merecemos e que é a I Liga”.