Mercado imobiliário em curva ascendente na península de Setúbal

Elevada procura, até mesmo por parte de investidores estrangeiros, está a imprimir dinâmica ao setor imobiliário da região. Na capital de distrito não há imóveis para venda, nos restantes concelhos os negócios revelam-se promissores.

Novas construções em alguns concelhos, com particular incidência no Montijo, Barreiro e Palmela, revelam uma tendência, diz quem está ligado ao setor, que tem tudo para crescer no próximo ano.

Os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes ao segundo trimestre de 2020, dizem que o Barreiro é o líder destacado quanto a obras terminadas em toda a Área Metropolitana de Lisboa, com um aumento de 183,3% face ao período homólogo do ano anterior. Em números, segundo o INE, no Barreiro surgiram 85 novos edifícios entre abril e junho de 2020, contra os 30 terminados no mesmo período de 2019.

Uma curva ascendente reiterada por quem lida com o setor de compra e venda e imóveis na região de Setúbal. Para o consultor imobiliário da Remax, José Ribeiro, “o que é revelado não surpreende e até diria que, em breve, o concelho do Montijo irá também ser merecedor de menção”, dado o volume de novas construções que estão em fase de conclusão ou já planeadas.

O território, mesmo apesar da pandemia, tem registado uma significativa atividade no mercado imobiliário com a zona do Montijo à cabeça, muito por conta do novo aeroporto, argumento que atrai muitos investidores e compradores até ao concelho”, diz ao Semmais Rachid Timchara, da Cotê D’Azur, que destaca ainda “uma enorme procura por parte de estrangeiros no potencial do distrito de Setúbal”.

Reflexo desse interesse foi mesmo a entrada no ramo de um francês que, em Sesimbra, fez um “investimento de cinco milhões de euros, com a aquisição de 15 imóveis e que já está a dar frutos, com todos já alugados”, avança Rachid Timchara.

Segundo o gerente da imobiliária Cotê D’Azur, “desde o meio de agosto que notamos um crescendo do número e interesse de investidores estrangeiros no nosso mercado. Gente que procura o chamado investimento garantido. Não vêm para construir. Querem adquirir e posteriormente alugar”.

A procura, afirmam, advém da imagem que Portugal passou para o exterior durante todo o período da pandemia, que “não tem a mínima comparação com a situação vivida aqui ao lado, em Espanha”. A este fator juntam-se a localização e o turismo.

 

Empresário confiantes no futuro e apontam potencial do Montijo 

Também José Ribeiro antevê algum crescimento no mercado imobiliário, apontando, mais uma vez, “o concelho do Montijo como um dos que mais irá registar essa subida”. “Há muita procura e muita oferta nesta zona”, disse ao Semmais.

O município é, neste momento, um dos mais ativos no que diz respeito à construção de novos imóveis. De acordo com os dados do consultor da Remax, cerca de 45,8% das casas que estão no mercado são novas. Sendo que “a procura é muita, talvez devido ao projeto para o novo aeroporto”. E nem mesmo os valores praticados pelo m2 parecem demover os compradores. A preços de setembro de 2020, a média para um imóvel a estrear, no Montijo, é de 1.325 euros. Valores acima, por exemplo, dos praticados em Setúbal onde o m2 tem um preço médio de 1.240 euros.

Também a zona do Pinhal Novo, concelho de Palmela, tem conhecido um crescimento no que toca a novas construções, embora estas representem apenas 10,5% do total de casas no mercado.

Já em Setúbal, no concelho, a realidade é bem diferente. Diz José Ribeiro que “a procura supera em muito a oferta. Neste momento não há imóveis para vender na cidade e, quando há, desaparecem num instante”.

Apesar da tendência nacional revelar uma quebra no número de edifícios licenciados (14,7%) e obras concluídas (14,7%), segundo o INE, a Área Metropolitana de Lisboa – onde o distrito está incluído – (47,6%) figura entre as regiões com mais novos fogos concluídos.

 

Caixa

Quem compra casa

Segundo os dados da primeira edição do Barómetro de Crédito à Habitação 2020, realizado do site ComparaJá.pt (portal comparativo das condições de mercado), no distrito de Setúbal são as pessoas com idades entre os 31 e os 35 anos (26,5%) as que mais recorrem ao crédito à habitação e procuram casa. Sendo que 73% destes contrata financiamento com o objetivo para adquirir imóvel com “chave na mão”. O relatório aponta ainda para uma maior preferência pelos T2 ou T3 (74%).   E que a maioria (56%) recorre ao crédito para pagar em 35 anos ou menos. Nota ainda para Setúbal como o distrito do país onde quem recorre ao crédito o faz para construir novas casas, cerca de 9,3%.