A primeira ação da iniciativa “Surf & Rescue”, que junta a Associação de Escolas de Surf de Portugal e o Instituto de Socorros a Náufragos, decorreu hoje na Costa de Caparica, visando o reforço da segurança nas praias portuguesas.
“O objetivo é dar preparação e formação aos surfistas para poderem complementar os dispositivos de segurança existentes nas praias, e fazerem aquilo que eles já fazem durante todo o ano, que é ajudar a salvar pessoas”, realçou à Lusa o comandante Velho Gouveia, diretor do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN).
Na praia de Santo António, numa manhã cinzenta, mas sem chuva, e com o mar relativamente calmo, os 30 participantes, que esgotaram as vagas disponíveis, foram divididos em dois grupos, com um ‘pelotão’ a receber primeiro a formação teórica, em terra, e o outro a aprender as táticas de salvamento no mar, invertendo-se depois os papéis.
“Com isto, pretende-se que os surfistas tenham alguma preparação nas áreas do suporte básico de vida e do resgate de vítimas, mas também pretendemos outra coisa importante da parte dos surfistas, que é a alimentação dos registos que existam dessa participação deles a nível nacional, para podermos depois tirarmos conclusões e podermos melhorar esta parceria no futuro”, sublinhou Velho Gouveia.
A participação de surfistas em resgates de pessoas em perigo no mar é uma evidência para quem frequenta com assiduidade as praias portuguesas.
Porém, como se tratam muitas vezes de salvamentos informais, não são comunicados às autoridades, faltando números fidedignos que permitam uma análise mais detalhada desta realidade, e essa é uma lacuna que as autoridades competentes querem ver corrigida com estas formações.
“Isto não aparece do nada, nós temos elementos estatísticos na Autoridade Marítima Nacional que comprovam que todos os anos, praticamente, há dezenas de situações em que os surfistas ajudam os cidadãos e em que, eles próprios, precisam das autoridades que fazem o socorro. Mais uma vez, aqui, se juntam duas necessidades, para que o proveito também seja o dobro”, disse o comandante.
Por seu turno, o diretor executivo da Associação de Escolas de Surf de Portugal (AESDP), Afonso Teixeira, apontou para a importância crescente dos surfistas nas ações de salvamento nas praias portuguesas, sobretudo depois de terminar a época balnear, e a oportunidade de lhes dar mais competências nesta área através dos conhecimentos dos profissionais do ISN.
“Esta formação mistura dois mundos, o surf e o salvamento aquático, e isto permite-nos ter pessoas capacitadas para fazer salvamentos e dar uma maior segurança nas nossas praias o ano todo”, assinalou.
Uma ideia partilhada pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Almada (CMA), João Couvaneiro, que vincou o papel que os surfistas têm desempenhado ao longo dos anos nos salvamentos no mar e a importância de estarem bem preparados para o efeito.
“Sabemos que muitas vezes as escolas de surf e os surfistas são um auxílio importante no resgate de nadadores e de banhistas que estão em dificuldades e, através deste curso que está hoje a ser feito, nós contribuímos para que o façam de uma forma cada vez mais consciente daquilo que são os riscos e daquilo que são as necessidades de garantirmos segurança nas praias”, afirmou o responsável.
João Couvaneiro admitiu que este foi “um verão que trouxe muitos desafios, relacionados com a situação pandémica e com a segurança sanitária das pessoas”, salientando a importância de manter viva a atividade económica na zona balnear da Costa de Caparica.
“Sabemos que o tecido económico sofreu muito com esta interrupção, nomeadamente, as escolas de surf, os apoios de praia e todo o setor turístico. Portanto, tudo o que pudermos fazer para promover esta e outras atividades ligadas à praia, faremos, porque acreditamos no potencial do nosso território”, rematou.
A primeira de três ações dirigidas a treinadores e outros membros de escolas de surf decorreu na praia de Santo António, na Costa de Caparica, seguindo-se idênticas iniciativas em Sagres (26 de setembro) e em Matosinhos (30 de setembro).
Os promotores garantem que a “Surf & Rescue” é apenas a primeira iniciativa de um conjunto mais alargado de ações que vão ser promovidas em parceria entre o ISN e a AESDP para aumentar a segurança nas praias portuguesas, porque há mar e mar, há surfar e salvar.