Os serviços de Urgência Geral e de Pediatria não têm médicos suficientes para atender todos os doentes.
Sem pessoal, sem vencimentos adequados e sem perspetivas de verem criadas as condições para que os cargos de chefia deixem de ser nomeações políticas. “Um quadro gravíssimo, de quase rutura”, é como o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) sintetiza a situação que se vive no Hospital Garcia da Orta, em Almada, onde já é crítico o atendimento de utentes no Serviço de Urgência Geral.
João Proença, da direção do SMZS, disse ao Semmais Digital que o atendimento eficaz à população que ali acorre, e também a outros hospitais da zona que estarão a ser feridos nos mesmos moldes, só será possível após uma negociação direta entre o Governo e os sindicatos. “Até agora, e há mais de um ano que denunciamos estas carências, nunca o Ministério da Saúde contactou os sindicatos e, em consequência, os problemas não só persistem como se agravam”, afirmou.
De acordo com o mesmo responsável “os médicos especialistas que exercem funções no Serviço de Urgência geral e enfermarias médicas para doentes Covid e não Covid têm estado a trabalhar com grande dedicação, ultrapassando em centenas o limite de horas extraordinárias estipulado por lei. Neste momento, a escassez de recursos é tal, que a capacidade de resposta a doentes médicos no serviço de urgência geral está abaixo dos mínimos estipulados, e a assistência a doentes internados com patologia covid e não covid está em risco”.
A situação agrava-se ainda mais porque, diz João Proença, com o encerramento noturno do serviço de urgência pediátrica, os doentes passaram a ser encaminhados para a urgência geral.
O Hospital Garcia de Orta serve uma população estimada em 350 mil pessoas, recebendo diariamente mais de 300 adultos no serviço de urgência. Este número, dizem os responsáveis do SMZS, não encontra uma resposta eficaz relativamente aos médicos destacados para as urgências sendo que, muitos deles, por excesso de carga de trabalho, também já meteram baixa.