Ao Semmais, Fernando Pedrosa diz estar “triste e desiludido com quem deixou o Vitória nesta situação”

Sócio desde 1941, Fernando Pedrosa é o verdadeiro ‘senador’ do Vitória de Setúbal. Diz que hoje a imagem do clube é uma sombra daquilo que foi. Soluções à vista não encontra, a menos que alguém invista, sem retorno, 10 milhões de euros.

Fernando Pedrosa está “triste, desiludido e magoado!” São esses os sentimentos que o assaltam quando desafiado a falar sobre a atual situação do Vitória de Setúbal. Não aponta o dedo a ninguém em particular, mas entende que há quem tenha muitas responsabilidades no atual contexto. “Não diria que há culpados porque não quero fazer juízos, mas há responsáveis. Há vinte e tal anos, o Vitória era um clube respeitado e respeitável. Era chamado a pronunciar-se sobre tudo o que dizia respeito ao futebol. Nessa altura tinha um património invejável, tinha crédito e bens próprios, um estádio, terrenos adjacentes, passes dos jogadores. Hoje não tem rigorosamente nada de seu e deve qualquer coisa como 40 milhões de euros”, diz num longo desabafo pontuado aqui e ali pelo desejo de estar enganado quanto aos próximos tempos. “Oxalá eu me engane, aliás, desejo muito estar enganado, mas não vejo muitas maneiras do Vitória sobreviver a tudo isto!”, afirma enquanto enumera os inúmeros credores: “O Vitória deve aos jogadores, a treinadores, a clubes, às finanças, à segurança social… num cenário destes há pouco a fazer até do ponto de vista desportivo, porque a situação desportiva depende da financeira”.

A seu ver, de forma prática e concreta, só há uma solução à vista. “Ou há alguém, particular ou instituição, que tenha 10 milhões de euros e esteja disposto a pô-los no Vitória, sem tirar vantagens nem aproveitamentos, para resolver o problema, ou não vejo o problema ser resolvido”.

Com um sorriso diz que se lhe saísse o Euromilhões, seria ele mesmo a investir esses 10 milhões no seu clube de coração, porque não vê outra forma. “Podem haver mais soluções, mas eu não vejo nenhuma. Não acredito em nenhuma solução diretiva que não passe por uma injeção de capital dessa ordem”.

Fernando Pedrosa entende que as várias direções do clube, nas últimas duas décadas, negligenciaram o problema “Nunca encararam o problema de frente e a sério. Foram várias direções a não se preocupar, umas melhores, outras piores, mas passámos de um clube que ombreava com os grandes para aquilo que somos hoje”. E a atual direção? “Esta é tão culpada como as outras! Podia ter feito algo mais cedo, porque sabia em que situação é que o clube estava. Há pessoas que estão na atual direção e que já vinham da anterior. Se tinham um projeto para o Vitória não o concretizaram e não resolveram o problema. A verdade é que a dívida do clube tem vindo sempre a aumentar”.

Triste e desanimado não deixa, no entanto, de acreditar que “a história de um clube com 110 anos não se apaga! A mística do Vitória perdurará! A sua massa associativa não a vai deixar morrer! As conquistas de tantos anos não se perdem! E ninguém pode esquecer os nomes de grandes homens que fizeram a história do Vitória, quer os dirigentes como Mariano Coelho, ou treinadores como o Fernando Vaz e o José Maria Pedroto, até aos jogadores como o Zé Maria e o Jacinto João…”