É o maior espetáculo ligado à indústria aeronáutica realizado na Península Ibérica. Este ano, não estarão presentes os milhares de entusiastas, mas há transmissões televisivas e digitais. Às conferências, exposições e debates junta-se uma inédita prova de lançamento de rockets.
As margens da Barragem de Montargil, nas imediações de Ponte de Sor, não se vão encher este ano com as dezenas de milhares de curiosos que, por norma, acorrem ao Portugal Air Summit, o maior evento aeronáutico que se realiza na Península Ibérica. Mas, mesmo sem público, porque a pandemia assim o recomenda, não faltarão motivos para que todos os amantes dos aviões e interessados na indústria associada sigam o evento com toda a atenção. Os canais da câmara municipal, entidade que organiza o certame, transmitirão todas as atividades relacionadas e, pela primeira vez no país, realizar-se-á uma prova de lançamento de rockets.
A iniciativa inédita da 4ª edição do Portugal Air Summit, que arranca amanhã, 21 de outubro, resulta de uma parceria com a Agência Espacial Portuguesa, Portugal Space. Intitulada “EuRoC – European Rocketry Challege” trata-se de uma competição de lançamento de rockets onde participam estudantes universitários de toda a Europa e investigadores e peritos na conceção, construção e lançamento dos foguetes. A ideia entronca na Sapaceport America Cup, prova iniciada em 2006 e que, atualmente, é um dos maiores eventos do mundo dedicado a esta temática.
“O EuRoC está totalmente alinhado com os objetivos estratégicos da Portugal Space, nomeadamente porque contribui para o desenvolvimento de um quadro cultural e educativo capaz de impulsionar o desenvolvimento do setor espacial em Portugal’, explica Ricardo Conde, presidente da Portugal Space. “Queremos motivar e encorajar crianças e jovens a prosseguir carreiras científicas e tecnológicas, porque este será um passo no sentido de reforçar as competências nacionais na área do espaço. E haverá coisa mais motivadora que ver um rocket a ser lançado?”.
Confirmada está a presença de 12 equipas, num total de 120 elementos, que a partir de um local cuja localização não foi revelada para preservar a segurança, irá proceder ao lançamento dos rockets. Será, dizem os organizadores, uma tarefa que decorrerá rodeada de medidas de proteção adequadas e que, pela sua espetacularidade, terá o condão de atrair muitos seguidores e, eventualmente, futuros estudantes de aeronáutica.
Evento reforça aposta nas vertentes educativa e empresarial
A forte componente educativa do evento acentua-se este ano e, de acordo com Susana Prates, do Gabinete de Inovação e Planeamento Estratégico da Câmara Municipal de Ponte de Sor e gestora de comunicação e marketing do aeródromo municipal, com as 74 conferências que irão reunir 135 oradores das mais diversas áreas e temáticas que terão, na totalidade, privilégios de transmissão pelos canais da própria edilidade e também por um outro já solicitado a uma plataforma televisiva.
“O formato televisivo pressupõe a utilização de dois estúdios, que irão funcionar no Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, a partir dos quais serão transmitidas entrevistas, reportagens, debates com painéis de especialistas”, disse a mesma responsável à Semmais.
Existirão igualmente espaços expositivos, zonas lúdicas e outras para workshops variados. “Estarão reunidos grandes especialistas das mais diversas áreas, que vão desde o ensino à indústria. Haverá, portanto, não apenas uma componente lúdica, da qual todos poderão desfrutar visitando os stands, mas também uma aposta forte nas áreas educativa e empresarial”, reforçou ainda Susana Prates, salientando que o cluster aeronáutico tem sido, desde há muitos anos, um fator de investimento importante para Ponte de Sor, não só devido à existência do aeródromo e das valências a ele associadas, mas também porque potencia o surgimento de diversas empresas relacionadas com a aviação e o fabrico de peças específicas.
Componente digital do evento lança um desafio ao futuro
Em 2020, dizem os organizadores, o modo “Flying Digital” é, não só o meio utilizado para realizar grande parte do evento, como a principal mensagem a transmitir. O ambiente em que a cimeira decorre é simultaneamente uma oportunidade para chegar a um público mais vasto, extravasando os limites do espaço que ocupou até hoje, como também o mote perfeito para enquadrar um futuro pleno de desafios para os setores da aviação, espaço, defesa e aeronáutica, marcados por uma profunda viragem tecnológica.
“O cluster aeronáutico tem Ponte de Sor como ponto de referência nacional e internacional e, até num contexto de incerteza, o aeródromo abre novos cursos técnicos de apoio à indústria aeronáutica”, diz, por sua vez, o presidente da câmara municipal, Hugo Hilário.
De acordo com o autarca, existe uma visão associada à realização deste evento que tem permitido dinamizar a economia e o emprego na cidade. A aeronáutica e a exploração da cortiça são, de resto, os dois principais polos dinamizadores da economia local, sendo que com o Portugal Air Summit, e mesmo sem os milhares de pessoas concentradas para verem as acrobacias dos aviões, sai altamente reforçada a posição turística do concelho, seja através da ocupação hoteleira seja pelos proveitos obtidos na restauração e restante comércio.
“O Portugal Air Summit tem vindo a crescer a todos os níveis, ano após ano, assumindo-se como um espaço de excelência que reúne as entidades e personalidades mais relevantes da indústria para debater e analisar o potencial e futuro da aviação, aeronáutica, espaço e defesa”, afirma por sua vez Nuno Molarinho, da The Race, a empresa parceira na organização do certame, salientando que os convidados para os debates são sumidades nas diversas áreas, o que só por si comprova a excelência da iniciativa alentejana.
