Os Estados Unidos da América são uma das maiores escolas de golfe mundiais e quem quer singrar na modalidade procura lugar numa das universidades americanas. A setubalense Filipa Capelo foi por isso atrás do sonho!
O gosto pela modalidade surgiu muito cedo, quando pegou nos tacos a primeira vez ainda no jardim de infância, mas o jogo a sério começou aos dez anos após insistência do pai. A partir daí tem sido um percurso de esforço, sacrifício e conquistas que lhe permitiram aos 18 anos integrar a equipa da Universidade da Califórnia e sonhar com uma carreira profissional.
O interesse em rumar a terras do Tio Sam surgiu por volta dos 14 anos e por isso começou a preparar-se. “No secundário decidi começar a estudar num sistema internacional para me habituar a ter aulas e a trabalhar em inglês”, explica ao Semmais, consciente das diferenças entre métodos de ensino. “Em termos académicos o método americano é diferente, no entanto foi fácil adaptar-me”, diz, assegurando que o trabalho feito com a empresa College Sports America, desde 2018, foi uma mais valia na candidatura e adaptação.
O ano de 2020 começou com a participação num torneio de renome, o Girl’s Junior Orange Bowl Championship, e, apesar do resultado final não ter sido o esperado, foi uma experiência na aprendizagem e conhecimento da realidade americana. No entanto, a pandemia alterou os planos e foi necessário adaptar-se. “Infelizmente, por razoes de segurança a NCAA decidiu cancelar as competições para todos os desportos, ou seja, este primeiro semestre não tenho torneios”.
Apesar disso, continua a treinar todos os dias, durante pelo menos três horas, e faz treinos de ginásio duas vezes por semana. “Entrar nesta nova rotina foi exigente e nas duas primeiras semanas chegava ao meu apartamento completamente esgotada”.
Representar o Clube da Quinta do Lago foi o primeiro desafio
Sacrifícios aos quais se habituou desde cedo e que começaram quando decidiu, ainda em Portugal, representar o Clube da Quinta do Lago, vivendo no distrito de Setúbal. “Passei a ir treinar para o Algarve com o meu treinador José Ferreira. Muitos fins de semana fui sozinha de comboio com o saco às costas, mas quando se desfruta de desporto como o golfe passa a ser um prazer. Muito provavelmente se não tivesse sido convidada pelo José Ferreira para representar a Quinta do Lago teria abandonado o golfe de alta competição”, admite.
Mas foram esses sacrifícios que a fizeram crescer e atingir os resultados que permitiram inscrever-se na Real Federación Andaluza de Golfe. “Sinto que as experiências que tive em Espanha foram cruciais para o meu desenvolvimento. Aos 16 anos fui jogar a Inglaterra e participei no Scottish U16. O resultado destes torneios foi crucial para que conseguisse entrar numa boa universidade. Fiz Top 25 em Inglaterra e na Escócia ganhei”.
Filipa é a primeira jogadora portuguesa de golfe a representar uma universidade da NCAA Division 1 e tem consciência de que a ida para os EUA “motivou outras atletas a fazerem o mesmo. “Estar nos EUA a estudar e jogar é uma experiência única que nunca teria oportunidade de viver em Portugal devido à carga horária escolar no nosso país”, afirma.
Agora o objetivo é continuar a trabalhar e a evoluir. “Quero apresentar excelentes resultados e tentar viver uns anos como jogadora profissional”, mas se tal não acontecer já tem um plano B: “Infelizmente, terei de meter os tacos de lado e focar-me no MBA e depois arranjar trabalho. O curso é na área de marketing. Depois de terminar a licenciatura na CBU muito provavelmente irei fazer um Mestrado na Europa”.